Pedrinho revelou uma promessa ousada de Gabriel Barbosa: balançar as redes no Brasileirão 20 vezes. Sei que muitos estão questionando a fala do dono da SAF celeste. Uma declaração que pode criar uma pressão desnecessária. Mas eu vejo como algo normal e que parte da boa relação que Pedrinho construiu com o artilheiro, contratado por um salário milionário e que tem como missão ser, de fato, o goleador da Raposa. 

A bem da verdade, Gabigol não precisa sequer de 20 gols para ser eficiente ofensivamente para o Cruzeiro no Brasileirão. Desde 2017, nenhum jogador da Raposa conseguiu superar a marca de 11 gols de Thiago Neves na elite do futebol brasileiro.

Em 2018, o principal goleador do Cruzeiro na competição foi Arrascaeta, com apenas seis tentos. No ano seguinte, àquele que a China Azul prefere apagar da memória, Thiago Neves também fez seis gols. No retorno à elite, em 2023, Bruno Rodrigues, este sim, um atacante, destacou-se com a camisa cinco estrelas, com oito gols. Já na temporada passada, Matheus Pereira foi o artilheiro da equipe na Série A, com oito bolas na rede. 

Na "página" Série B, o sofrimento com a falta de uma referência ofensiva foi notória nas duas primeiras temporadas. Em 2020, Sóbis foi o homem gol celeste, com apenas seis tentos. Em 2021, Marcelo Moreno fez cinco gols. No ano do acesso, todavia, Edu foi o quarto maior artilheiro da competição, indo às redes 11 vezes, e tornando-se, portanto, o primeiro jogador do Cruzeiro desde Thiago Neves a ter dois dígitos em gols em um torneio nacional. Porém, não foi na elite. 

Na história do Brasileirão Unificado, o Cruzeiro só teve o máximo goleador em apenas uma oportunidade. Foi em 1970, com Tostão marcando 12 gols em 18 jogos. Nem mesmo com os super esquadrões de 2003, 2013 e 2014, a Raposa conseguiu fazer o máximo goleador do torneio. Alex, o talento azul, fez 23 gols no Brasileirão de 2003, mas o artilheiro foi Dimba, com 31 tentos. 

Gabigol, portanto, possui uma linha de corte de 2017 para cá, digamos, acessível. Até porque, em termos de Brasileirão, ele só conseguiu marcar 20 ou mais gols apenas uma vez em sua carreira. Isso aconteceu em 2019, quando foi o artilheiro da Série A, com 25 bolas na rede. Mas, nas três temporadas seguintes, ele fez 11 ou mais gols no Brasileirão, não atingindo este feito nos dois últimos anos devido à diminuição da quantidade de partidas disputadas no torneio. 

Vejo que motivado, afastado de polêmicas e das lesões, o atacante tem tudo para manter sua média no torneio nacional e superar a marca de Thiago Neves de 2017, algo totalmente plausível e mais adequado à realidade do que os 20 gols. O futebol pode reservar surpresas? É claro. Talvez vejamos Gabi voltando à sua versão prime? Pode acontecer. Mas trabalhando dentro das métricas atuais do Cruzeiro, não é difícil se estabelecer como uma referência ofensiva, tendo em vista a claríssima dificuldade que o time tem neste quesito há anos. 

Inclusive, a chegada de Gabriel Barbosa é uma resposta às próprias críticas que Pedrinho fez em relação ao desempenho do ataque na última temporada, quando citou que o time perdia muitos gols. É torcer para que esta combinação encontre liga e o Cruzeiro usufrua ao máximo do seu 9.