Baseando-se na lógica de que é o dono e, portanto, o responsável pelos salários pagos ao elenco, Pedro Lourenço tem total direito de expressar sua opinião sobre o que tem acompanhado do Cruzeiro. Porém, partindo do ponto de vista profissional, não é incoerente dizer que isso, obviamente, gera incômodos desnecessários em um elenco que sequer tem uma forma. Creio eu que já pulverizá-lo não seria a melhor a maneira de lidar com o problema. Porque, convenhamos, o esporte se chama futebol e não tênis, ou seja, é um jogo coletivo. 

De novo, o Cruzeiro terá que gerir internamente seus incômodos, as pontas soltas, as conversas atravessadas, os outros assuntos vazados, e se unir em prol do campo, dos resultados. Observação: Se é que em algum momento conseguiu solucionar isso. Porém, esta é a única forma de estancar a sangria desatada e frear esta montanha russa que tem sido o clube.

Contratações foram erradas. Ok. Mas e agora? Esse discurso servirá de muleta para o clube se arrastar até o meio do ano em busca de uma janela mais assertiva e robusta? Até a parada para o Mundial, serão 12 rodadas do Brasileirão, toda a fase de grupos da Copa Sul-Americana e ainda a Copa do Brasil. O Cruzeiro terá que encontrar um jeito. Não há outro caminho. Eu saliento ainda aqui que Fernando Seabra (longe de ser uma viúva do ex-treinador celeste) conseguiu achar uma maneira de fazer o Cruzeiro jogar com um material humano muito menos qualificado. 

Esta é a missão atual. Se encontrar em meio ao caos, passar confiança ao grupo e buscar soluções com os recursos atuais para formar um time minimamente organizado, com entendimento de jogo, que consiga sair de campo sem ser vazado e que flua em sintonia.

O futebol é uma engrenagem e isso favorece até os grandes nomes, que brilham por estarem inseridos em um coletivo. Um trabalho para o treinador e seus pares. E claro, no convívio diário do departamento de futebol com o grupo. 

O Cruzeiro precisa sair do lugar e creio que isso só será possível quando todos os setores estiverem bem alinhados, com um discurso único e com a boca fechada. É como dizem por aí, trabalhe no silêncio e deixe que o sucesso faça barulho.