Neste período de Mundial de Clubes, bebendo direto da fonte da sabedoria de alguns dos maiores técnicos do futebol mundial, como o espanhol Luis Enrique, comandante do laureado PSG, parei para ouvir atentamente uma de suas inúmeras coletivas durante a disputa nos Estados Unidos. Em uma das respostas, ele enalteceu a importância da coletividade, apontando aos jornalistas que não havia melhor elogio do que saber que sua equipe possuía não apenas uma estrela, mas 11, 13, 14, 15 jogadores atuando em alto nível. Creio que este é o caminho do futebol total atual e para onde o Cruzeiro de Leonardo Jardim deve caminhar. 

As amostragens nos jogos antes do Mundial sinalizavam para esta filosofia. O Cruzeiro, a bem da verdade, começou a temporada apostando em nomes e viu-se à deriva, sem um time de fato. Foi preciso recalcular a rota, mesmo que isso tenha trazido perdas — como a queda no Mineiro e a eliminação na Copa Sul-Americana. Mas, às vezes, para se chegar ao destino, é preciso errar o caminho. 

A retomada do Brasileirão traz um terreno novo para a Raposa. Não há como, antecipadamente, mensurar o impacto de uma parada tão brusca para um time que estava 'redondo'. Mas é preciso seguir confiante no trabalho que vem sendo desenvolvido, especialmente no projeto liderado por Leonardo Jardim neste momento, ainda mais após a saída de Alexandre Mattos. 

Ainda sobre o Mundial, recentemente tive a oportunidade de entrevistar o lateral francês Malo Gusto, do Chelsea, e ele ressaltou a importância de Enzo Maresca, atribuindo ao técnico total responsabilidade pelo sucesso dos Blues, campeões da Conference League e garantidos na próxima Champions, após terminarem entre os quatro primeiros da Premier League. 

Este é mais um exemplo de coletividade, de um time que decidiu 'comprar o projeto' do técnico e executá-lo de forma irretocável. É o que eu espero para o Cruzeiro.

O cenário do futebol brasileiro é desafiador, mas a Raposa precisa e merece ambicionar a prateleira de cima, observar os movimentos, replicar o que é positivo e desejar estar em um Mundial daqui a quatro anos. Por que não? Quando se tem um norte, é muito mais fácil atingir objetivos. Mas, claro, sem dar um passo maior que as próprias pernas, sempre degrau a degrau, entendendo as necessidades atuais, as prioridades financeiras e se estabilizando como uma potência esportiva.

No mais, nada se compara a um domingo de Mineirão com o Cruzeiro em campo. Todos nós estávamos com saudades disso. Que a Raposa siga firme até o dia 22 de dezembro. Chegou a hora de confirmar expectativas.