LUIZ TITO

A questão da Amazônia

A questão do meio ambiente no Brasil tem a seu serviço e defesa um amplo consórcio de interessados, locais e internacionais, especialmente porque se descobriu que aí chegam recursos generosos vindos de economias que se afirmaram no mundo desmatando florestas, poluindo o ar, o solo, as águas


Publicado em 03 de agosto de 2019 | 03:00
 
 
 
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Os últimos dias deram lugar especial a discussões e bate-bocas sobre meio ambiente, que se estenderam até espaços fora do Brasil, envolvendo chefes de outros governos, ONGs de prestígio, institutos de diversos matizes, ministros brasileiros e europeus, o ex-presidente do Inpe e o presidente Jair Bolsonaro. Tudo em nome da preservação do solo, do céu, do tempo, em especial da floresta amazônica. Tal ruído foi oportunamente motivado pela divulgação de dados estatísticos feita pelo citado Inpe e seguida reação da comunidade científica às declarações de Bolsonaro, que criticara duramente tais dados.

No mesmo momento e tom, foram revelados os números da colaboração internacional ao Fundo Amazônia, valores que a Alemanha e a Noruega lideram, remetendo ao Brasil, anualmente, algo em torno de R$ 150 milhões. Não é pouca grana, na expressão de Bolsonaro, mas dela “o Brasil não precisa a ponto de comprometer sua independência”, bradou o mesmo presidente. Criado o caso, este foi considerado pelo governo um valor muito distante do necessário à preservação da região no formato desejado pelos países desenvolvidos e à qual se atribui a responsabilidade de ser o pulmão do mundo. Indo à fala do ministro Ricardo Salles, é preciso que os interessados na salvação desse tesouro coloquem a mão no bolso com mais vontade, se quiserem realmente ajudar na conservação daquela que é considerada a maior floresta tropical em extensão e a maior em biodiversidade do planeta.

A questão do meio ambiente no Brasil tem a seu serviço e defesa um amplo consórcio de interessados, locais e internacionais, especialmente porque se descobriu que aí chegam recursos generosos vindos de economias que se afirmaram no mundo desmatando florestas, poluindo o ar, o solo, as águas, mas esperando, como se percebe, nosso empenho em preservar o que essas matrizes não fizeram.
Mais por essas razões, a preservação da Amazônia é fundamental; a nós e também ao mundo. Louvável e grandiosa a atitude de colaborarem com essa causa, mas que seja em valores representativos. É preciso que se ajuste o preço da fatura, pela conservação desse patrimônio natural, trazendo para a mesa a conta e que demais interessados na causa nos ajudem a pagá-la. Com diplomacia, com independência, com autoridade e sem bravatas, temos que sensibilizar as grandes economias a contribuir para a manutenção que a Amazônia hoje já demanda.

Este é um bom momento para negociarmos, sem, contudo, sermos ingênuos, desconhecendo que os excessos ditados de fora para dentro do Brasil, traduzidos numa legislação ambiental rigorosa e limitadora, asfixiam atividades de setores pelos quais vários países do mundo têm interesses especiais e monopolistas, no agronegócio, na mineração, na opção e oferta das energias renováveis, apenas para citar alguns.

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