LUIZ TITO

Dilma e Aécio

Redação O Tempo


Publicado em 17 de abril de 2018 | 03:00
 
 
 
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O Instituto Datafolha publicou no último domingo pesquisa por meio da qual avalia a situação de pré-candidatos à Presidência da República nas eleições de outubro. Foram feitas dez simulações, e em algumas o nome de Lula deu lugar ao de Fernando Haddad, que não empolgou os consultados; Haddad foi pessimamente avaliado, talvez como consequência de sua gestão quando prefeito de São Paulo. Os concorrentes mais expressivos de Lula são Jair Bolsonaro e Marina Silva, com o que, permanecendo esse quadro, já se pode avaliar o que será o próximo pleito, já que Lula, por força de lei, não será candidato. As candidaturas estão postas.

Valendo-se da janela eleitoral, que se encerrou no último dia 7, a ex-presidente Dilma Rousseff realistou-se como eleitora em Minas Gerais, confirmando seu propósito de ser candidata ao Senado em uma das vagas abertas com o fim de mandato dos atuais senadores Aécio Neves e Zeze Perrella.

Dilma, deposta da Presidência da República, e seus simpatizantes não se cansam de falar da violência e injustiça do ato que lhe retirou o mandato. Por sua vez, as investigações da operação Lava Jato colocaram à mostra o processo de corrupção empreendido dentro da Petrobras, cujos recursos, muito se denunciou, engordaram diretamente os fundos para as campanhas do PT, do MDB e de outros partidos coligados. Sentindo-se em posição desfavorável, o à época candidato Aécio Neves, oponente de Dilma naquelas eleições, não se poupou nem um minuto para denunciar o abusado uso de recursos daquela estatal, o que entendia como crime eleitoral. Os mais críticos diziam que Aécio não saiu da campanha até que Dilma fosse derrubada. Inegável.

Fato é que, havendo concordância de seus partidos, o mesmo quadro de 2014 poderia ser remontado. O PT poderia relançar Dilma, e o PSDB, Aécio Neves, como seus candidatos à Presidência da República. Dilma, em seu entendimento e no de seu partido, fora lesada pelo “golpe antidemocrático que lhe retirara o mandato”, como apregoam. O uso da máquina pública, a burla do Orçamento e da contabilidade públicos por meio das pedaladas, a falência econômica do Brasil e um desemprego monstro, nada disso importa.

Já o senador Aécio Neves, ainda no exercício de seu mandado pela generosa proteção que lhe dá o foro privilegiado, um escudo de que dispõem parlamentares, mesmo os claramente implicados em crimes, se diz injustiçado pelas “revelações de um empresário bandido” – o antes amigo Joesley Batista –, que o submetera, em sua versão, a uma armadilha para assim transformar em propina um simples pedido de “empréstimo” de R$ 2 milhões.

Essa seria uma oportunidade de ouro para ambos, que poderão, nos palanques que lhe serão franqueados Brasil afora, levar aos eleitores os argumentos de sua inocência, como razão de sua defesa.

Imaginemos o quanto será saudável esse reencontro do Brasil com sua história, legando-se ao povo o instrumento do voto para, quem sabe, fazer justiça a dois nomes que se dizem injustamente prejudicados pela perseguição, pela mentira, pela politização do Judiciário e pela “judicialização” da política, tornando-os impedidos de contar suas versões do que reputam ser a verdade. Seria uma oportunidade concreta de o povo fazer justiça, que certamente não poderia faltar a ambos. Absolvendo-os ou excluindo-os definitivamente da vida pública, os próprios e seus liderados com seu ideário. Ou seus cúmplices e, nesse caso, com seus prontuários.

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