LUIZ TITO

O crime está sorrindo

Redação O Tempo


Publicado em 06 de março de 2018 | 03:00
 
 
 
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A decisão do presidente Temer de decretar intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro levou ao país, em todos os Estados, uma esperança de que com tal ato estaria se formando o duro e efetivo combate à criminalidade, sem poupar esforços e consequências. Temer não se esquivou, em sua fala de anúncio da medida, da promessa de que estaria instalada, a partir daquele momento, a determinação de se enfrentar com coragem e altivez o crime organizado, de cuja ação decorrem o tráfico de drogas e o comprometimento crônico de grande parte da sociedade autodeclarada incapaz de conviver com tão desmedida delinquência.

O Rio de Janeiro, reconhecido como uma das cidades mais bonitas do mundo, vem sofrendo a cada dia mais com o crescente desinteresse de seus nativos e daqueles que moram lá, como também dos turistas que admiram sua beleza natural e a alegria de sua gente. O assustador avanço da criminalidade desidratou, e muito, o amplo desejo que está nos brasileiros e em turistas do mundo de se viverem as qualidades daquela cidade-símbolo do que tem de melhor o Brasil. Triste sina.

Entretanto, da forma anunciada restabeleceu-se a esperança. A impressão que tivemos foi a de que Exército, Marinha e Aeronáutica já estariam tirando a poeira de seus históricos mosquetões para subir o morro. O general Braga Netto, escolhido para comandar tal limpeza, transmitiu pela imprensa um discurso frontal, prometendo prisões, além da ocupação dos pontos do tráfico e sangue. Nada aquém do que a exaurida sociedade quer: o fim da impunidade e a ordem social restabelecida.

Porém, passados mais de dez dias (alguns dirão que é pouco), ninguém “da pesada” foi preso, senão meia dúzia de bandidos “pés de chinelo”; alheios às ameaças, traficantes seguem construindo barricadas para que as forças militares não entrem em seus domínios e atrapalhem seus negócios. Seguem circulando à luz do dia, de forma acintosa e desrespeitosa, fuzis e armas de muito maior eficácia do que as das próprias Forças Armadas.

Para o cidadão comum, que não entende técnicas de guerra, a imagem que está se construindo é a de que o presidente Michel Temer deu um tiro n’água. Anunciou que o pau ia quebrar, fez ameaças, criticou as polícias Civil e Militar do Estado por sua ineficiência e prática de corrupção, mas de sua parte nada também aconteceu. Se desta vez, com todo aparato anunciado, as providências não tiverem força impactante, o presidente, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica ficarão desmoralizados. É o que o crime organizado certamente quer.

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