Com exceção, claro, de aventureiros, exploradores do mundo e viajantes inveterados, raramente alguém quer deixar seu país, sua cultura, hábitos, costumes, muito menos, família e amigos. Quando alguém “leva tudo que pode”, para outro país, outra vida, é porque viver onde nasceu ficou perigoso e inviável.
Saída pela esquerda
Reza a sabedoria popular, que quando o barco está afundando, os ratos são os primeiros a deixar o navio. Assim, escreve Paulo Barros, no “Infomoney25”, o Brasil deve registrar a saída de 1.200 milionários ainda este ano, segundo levantamento da consultoria “Henley & Partners”. É a maior perda na América Latina e envolve estimativa de US$ 8,4 bilhões (R$ 46 bilhões) em riqueza transferida para o exterior.
Saída à inglesa
Muitos desses milionários sugaram o país, foram cúmplices do “desgoverno”, ficaram mais ricos e agora fogem, deixando-nos a ver navios cheios de ratos, quer dizer, dólares e euros. O Brasil fica na sexta posição entre os países com maior êxodo de indivíduos de alta renda no mundo, atrás apenas dos primos BRICS: Rússia, Índia e China, além de Coreia do Sul e Reino Unido, o campeão disparado, com -16.500, por causa das reformas fiscais, impostos.
Um lindo motivo para ficar no Brasil, Rafaela Nejm. Foto: Edy Fernandes/Divulgação
Saída à francesa
Os destinos mais procurados pelos brasileiros são os Estados Unidos, principalmente a Flórida; além de Portugal, Ilhas Cayman, Costa Rica e Panamá. O fenômeno da migração de “ouro humano” é acompanhado anualmente pela “Henley & Partners” em parceria com a “New World Wealth”. A edição deste ano aponta recorde global: cerca de 142 mil milionários devem se mudar de país até o fim de 2025.
Saída estratégica
Motivos? Preocupações com segurança, ambiente político, tributação elevada e busca por melhor qualidade de vida. “Indivíduos com alto patrimônio líquido são geralmente os primeiros a deixar um país quando percebem deterioração nas condições econômicas ou de estabilidade”, afirma o relatório, sem especificar as razões para o êxodo em cada país.
Saída fugitiva
A tendência de saída do Brasil contrasta com o cenário do BRICS. Apesar de também figurarem na lista negativa, China, Índia, Rússia e África do Sul devem apresentar suas menores perdas líquidas de milionários desde a pandemia. O relatório aponta que China (-7.800), Índia (-3.500), Rússia (-1.500) e África do Sul (-250) vêm sendo parcialmente compensadas pelo retorno de cidadãos ricos que viviam no Reino Unido.
Mais um bom motivo para não abandonarmos o Titanic, Thaís Valentino. Foto: Edy Fernandes/Divulgação
Saída e entrada
No outro lado do dólar furado, os Emirados Árabes Unidos devem atrair o recorde de 9.800 milionários, seguidos pelos Estados Unidos (+7.500), Itália (+3.600), Suíça (+3.000) e Arábia Saudita (+2.400). Os países que mais atraem riqueza oferecem ambientes com baixa tributação, estabilidade política e programas estruturados de imigração por investimento, como o “Golden Visa”.
Saída saideira
“A migração de milionários é um indicador econômico relevante, pois reflete onde há percepção de segurança, oportunidade e crescimento”, afirma Dr. Juerg Steffen, CEO da “Henley & Partners”. No Brasil, o movimento é majoritariamente de saída. O país apresentou uma queda de 18% na população de milionários entre 2014 e 2024.
Lança-Perfume
Nesse comparativo, o país ficou em 10º lugar globalmente, atrás de Argentina, Turquia e Nigéria, cujas moedas passaram por forte desvalorização na última década.
A migração de milionários tem impactos diretos sobre as economias que os recebem.
Impactos como aumento de receita cambial, investimentos em negócios e valorização de ativos locais.
Por outro lado, nos países emissores, a saída pode ser um sinal de alerta para questões estruturais.
Especialmente quando envolve grandes volumes de capital e indivíduos com alto poder de influência econômica.
A seguir, os 10 países que deverão ter as maiores perdas de milionários em 2025: Reino, China e Índia.
Coreia do Sul, Rússia, Brasil, França, Espanha, Alemanha e Israel.