O impacto das enchentes no setor do turismo na região da Serra gaúcha pode ser milionário. Com estradas bloqueadas e aeroportos fechados, os turistas não conseguem chegar aos seus destinos e precisam cancelar as passagens aéreas e os pacotes com as agências de turismo.
Um levantamento prévio feito pelo Sindicato de Turismo de Gramado apontou que, com a cidade vazias em um período de muito movimento turístico, o prejuízo para a economia local pode superar os R$ 100 milhões nos meses de maio e junho.
A reportagem de O TEMPO conversou com o Secretário de Turismo de Gramado, Ricardo Bertolucci Reginato, que explicou que, mesmo com os pontos turísticos não sendo afetados pelas enchentes, a cidade perdeu um número expressivo de visitantes nas últimas semanas. “A região turística da cidade não foi afetada, a estrutura não foi tão impactada. Houve muito cancelamento, se caminhar na cidade não tem muita movimentação”, contou.
De acordo com Ricardo, atualmente, o turismo representa quase 87% da economia da cidade. Sem receber turistas nesse período, a prefeitura busca alternativas para manter a programação prevista para os próximos meses. “Acreditamos que a conexão entre empresários e poder público vai agilizar a reconstrução de Gramado. O impacto é grande, mas estamos trabalhando normalmente para o segundo semestre. O Natal Luz vai acontecer, temos convicção de que estamos 100% prontos para receber os turistas”, explicou o secretário.
Para a cidade voltar a funcionar normalmente, o secretário pede para que os poderes estaduais e federais pensem em alternativas para manter o turismo aquecido na região. Para ele, o funcionamento dos aeroportos e das estradas é essencial. “ Precisamos das estradas e do aeroporto para trazer o visitante para cá. Gramado é um destino que está seguro, sem problemas com a região turística. Tem a dificuldade do acesso, mas muitas das nossas estruturas estão fechadas porque não tem fluxo de pessoas. Pedimos também linhas de crédito específicas para o setor do turismo, que foi muito afetado. Do contrário, vamos ter muita dificuldade”, contou.
Diferente de grande parte do estado, Gramado foi menos afetada. Por ficar em uma região mais alta, as enchentes não chegaram na cidade. Apesar disso, algumas pessoas precisaram sair de casa devido a riscos de desabamento. “Gramado conseguiu agir muito rápido, a partir dos primeiros fenômenos. Nos organizamos muito rápido, de maneira a preservar a vida o máximo possível, tirando as pessoas da zona de risco. Temos pessoas fora de casa que estão tendo suporte de abrigos e da rede hoteleira do município. Mas, por enquanto, o momento é outro. Estamos falando de preservação de vida, que é o foco, o estado ainda está debaixo d'água”, disse o secretário.
Chuvas no Rio Grande do Sul
As fortes chuvas do Rio Grande do Sul causaram ao menos 149 mortes, de acordo com boletim divulgado no início da noite dessa terça-feira (14). O número pode aumentar nos próximos dias, já que ainda há 112 desaparecidos -inicialmente, a Defesa Civil gaúcha havia informado que eram 124.
No total, 446 municípios foram afetados, sendo que 76.494 pessoas estão desabrigadas e 538.245 ficaram desalojadas.
Conforme o governo do Rio Grande do Sul, 76.483 pessoas foram resgatadas.
Quinze dias após o início da tragédia, 267.590 endereços continuavam com o fornecimento de energia elétrica interrompido pela manhã. Outras 159.424 unidades estavam sem abastecimento de água. As informações são do governo do estado e constam em boletim divulgado nesta terça.