O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), compartilhou seu diagnóstico de linfoma não Hodgkin nesta quinta-feira (04/07). Ele não especificou, entretanto, qual área do corpo é afetada ou a gravidade da doença.

Como a leucemia, o linfoma é um câncer no sangue. Mas, diferentemente dela, cuja origem é na medula óssea, que produz o sangue do nosso corpo, o linfoma surge no sistema linfático, responsável pelo sistema imunológico do organismo. Entenda mais detalhes sobre a doença:

O que é linfoma não Hodgkin?

Para entender o linfoma não Hodgkin, é importante compreender, antes, como funciona o sistema linfático. Ele é uma rede de pequenos vasos e gânglios espalhados pelo corpo que recolhem o líquido que se acumula nos tecidos, filtram-no e o reconduzem à corrente sanguínea. Por esse sistema, circulam os glóbulos brancos, nossas células responsáveis por combater infecções e destruir vírus e bactérias no sangue. 

O hematologista Edson Carvalho, da Cetus Oncologia, explica mais: "linfoma é um nome genérico para uma vasta gama de doenças oncológicas (cânceres originários das células de defesa chamados linfócitos). Apesar de serem neoplasias malignas (câncer), costumam ter características e evolução bem diferentes dos tumores sólidos (cânceres de mama, próstata, cólon, gástrico entre outros)".

Há dezenas de subtipos de linfomas não Hodgkin, que podem ser detectados em diferentes partes do sistema linfático. O prefeito Fuad Noman não esclareceu qual tipo foi detectado em seus exames. O mais comum é o linfoma difuso de grandes células B, mais frequente em idosos. Ele se inicia como uma massa de crescimento desordenado e pode surgir em diferentes órgãos, como intestino ou cérebro.

Existe, ainda, o linfoma de Hodgkin. Menos frequente, ele acomete células maiores e se espalha de forma ordenada de um grupo de linfonodos (espécie de filtros do sistema linfático) para outro. Essa variação de câncer é mais comum entre adolescentes e adultos jovens do que em idosos.

Linfoma não Hodgkin é grave?

A gravidade da doença varia em cada caso. Após o diagnóstico, os médicos conseguem classificar o linfoma não Hodgkin como indolente — ou seja, com crescimento relativamente lento — ou agressivo, isto é, de desenvolvimento rápido. Os linfomas agressivos são a maioria dos diagnósticos e correspondem a 60% dos casos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).

"O linfoma pode acometer qualquer parte do corpo, entretanto eles costumam se manifestar principalmente nos órgãos linfóides: linfonodos (conhecidos como ínguas, que eventualmente aparecem no pescoço, nas axilas e na virilha mesmo em situações não oncológicas), tonsilas palatinas (amígdalas) e baço. O acometimento de estruturas não linfóides (como pele, intestino e outros órgãos) costuma indicar maior gravidade da doença e pior prognóstico, entretanto inúmeros outros fatores são necessários para determinar com exatidão a severidade da patologia", detalha o hematologista Edson Carvalho.

Ele é mais grave em idosos, como Fuad Noman?

O médico explica que a doença não é necessariamente mais grave em idosos como o prefeito, que tem 77 anos. "O que geralmente ocorre é, em casos de linfomas agressivos, os idosos não serem elegíveis para esquemas de tratamento intensivos, o que pode reduzir as chances de resposta e/ou cura da doença. Entretanto, vale lembrar que a idade isoladamente não é um bom parâmetro! Existem idosos robustos assim como jovens frágeis. Uma avaliação técnica baseada em vários outros fatores é fundamental antes do início de qualquer tratamento oncológico".

Quais são os sintomas do linfoma não Hodgkin?

O Inca lista uma série de sintomas que podem levantar suspeita de um  linfoma não Hodgkin:

  • aparecimento de um ou mais caroços (gânglios linfáticos) sob a pele, geralmente indolor, principalmente em pescoço, virilha ou axila;
  • febre e suores noturnos;
  • cansaço e perda de peso sem motivo aparente.

Na maioria das vezes, lembra o instituto, esses sintomas não são indicativos de câncer, mas devem ser investigados caso não desapareçam em poucos dias. 

Como é realizado o diagnóstico de linfoma não Hodgkin?

É necessário realizar uma biópsia do tecido do linfonodo ou de um órgão com sinais da doença para realizar o diagnóstico do linfoma não Hodgkin. Também podem ser empregadas uma punção lombar (inserção de uma agulha na coluna para retirada de uma amostra de tecido), tomografia e ressonância magnética. O diagnóstico é importante para diferenciar a doença de uma leucemia e definir o tratamento.

Como é o tratamento contra o linfoma não Hodgkin?

A maioria dos casos de linfoma não Hodgkin exige quimioterapia, que combina uma ou mais drogas para combater a doença. Também pode ser utilizada a imunoterapia, que usa medicamentos específicos para algumas células do linfoma, e radioterapia, que utiliza uma forma de radiação para erradicar ou reduzir o tumor.

Nem sempre, os linfomas indolentes, que evoluem lentamente, demandam quimioterapia ou outros tratamentos intensivos. Em alguns casos, basta o acompanhamento clínico. A estratégia adotada pelos médicos, contudo, depende do tipo específico de câncer diagnosticado.

Linfoma não Hodgkin tem cura?

A detecção precoce da doença garante, em média, sucesso de 60% a 70% de sucesso do tratamento, segundo a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale)