“Me considero diferente dos outros sobreviventes. Saí de lá agradecido. Tive a oportunidade de ressignificar a vida”. A frase é de Rafael Zimerman, brasileiro de 27 anos que viveu uma história extremamente traumática no dia 7 de outubro de 2023. Ele estava na rave do Universo Paralello atacada por terroristas do Hamas e conseguiu escapar, se escondendo em um bunker por muitas horas. Naquele dia, pelo menos 260 pessoas que estavam na festa foram assassinadas.
A experiência única de sobrevivência a um momento completamente tenso e violento tem sido compartilhadas por Rafael em palestras realizadas Brasil afora. Os belo-horizontinos vão poder conhecer a sua história de perto nesta quarta-feira (19/08), às 20h, dentro da programação da Bienal do Livro Judaico de Belo Horizonte, que vem sendo realizada no Instituto Histórico Israelita Mineiro desde o início da semana.
Rafael Zimerman estudou Administração na PUC e decidiu se mudar para Israel em busca de uma vida mais próspera e tranquila. No dia 7 de outubro, estava na rave próxima à Faixa de Gaza dançando com outros amigos brasileiros. Ao se deparar com o ataque dos terroristas, foi obrigado a correr e se refugiar num bunker por horas. Ele fingiu estar morto num local atacado com gás e granadas.
“Desde que tudo aconteceu, entendi que minha missão era falar sobre o atentado. O motivo principal é que não existe ninguém com uma história como a minha e consegue falar sobre esse trauma no Brasil. Também decidi falar porque está aumentando o antissemitismo no Brasil, houve um crescimento de 1.000% de ataques a judeus e instituições judaicas”, explica Zimerman.
A decisão de falar sobre o que aconteceu no dia 7 de outubro e sobre a importância de um discurso de paz veio após Zimerman sofrer um ataque antissemita, poucas semanas após o trauma na rave. “Estava em São Paulo e sofri um ataque antissemita. Um rapaz chegou dizendo que simpatizava com o Hamas e queria todos os judeus mortos. Ali entendi a necessidade de falar sobre o assunto”, diz. Hoje, Zimerman trabalha na ONG StandwithUs, uma organização não partidária israelense que busca lutar contra o preconceito a judeus por meio da educação. Segundo ele, suas palestras não possuem viés político e não buscam explicar a guerra.
Zimerman faz questão de deixar claro que não tem ódio, rancor ou algum outro sentimento ruim em relação ao que viveu naquele 7 de outubro. Pelo contrário. “Não tenho rancor, acredito no bem das pessoas. Não posso deixar de lado a oportunidade de ressignificar a vida, de falar coisas bonitas, falar de amor, sobre a importância de perdoar as pessoas, de pedir desculpas. Eu vi a morte de perto, eu morri e voltei. Isso mudou a minha vida”, completa o administrador, que agora pensa em fazer Psicologia.
Agenda: Palestra de Rafael Zimerman na III Bienal do Livro Judaico de Belo Horizonte. No Instituto Histórico Israelita Mineiro (rua Pernambuco, 326, Savassi), quarta-feira (18/09), às 20h. Entrada gratuita.