Até a noite desta segunda-feira (19), onze países enviaram manifestações ao Brasil sobre o foco de gripe aviária identificado na última semana em uma granja comercial de Montenegro, no Rio Grande do Sul. O número foi atualizado pelo governo, em coletiva à imprensa do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), pelo ministro Carlos Fávaro.

No boletim de Síndrome Respiratória e Nervosa das Aves do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), consta um segundo foco em andamento, no município de Sapucaia do Sul, que fica a cerca de 50 km de Montenegro, onde o primeiro caso foi identificado. No entanto, segundo esclarecido pela pasta, não trata-se de uma nova confirmação. O Brasil tem outros casos em investigação, de acordo com o Mapa.

As apurações são feitas em amostras colhidas no Tocantins, Mato Grosso, Ceará, Sergipe, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em três casos, já há resultados negativados, conforme informado por Fávaro, que não descartou a necessidade de reforço orçamentário para enfrentamento à gripe aviária. 

"Nesse momento não há necessidade. O que vamos discutir, talvez, é que temos outras três emergências sanitárias no Brasil. Talvez, com as quatro emergências, principalmente com algumas no Norte do páis e aí temos custos de deslocamento de pessoal, diárias, talvez a gente possa pensar em englobar todas e fazer um reforço orçamentário, mas que não deve ser muito grande", comentou o ministro. 

Segundo ele, a situação não deve impactar preços de alimentos como ovos e cortes de frango. "Eu acredito muito mais em uma estabilidade", disse ele ao citar há uma queda no preço dos ovos independente do foco de gripe aviária. 

Países

Na coletiva, o secretário adjunto de Comércio e Relações Internacionais, Marcel Moreira, afirmou que os acordos sanitários com a China, União Européia, México, Coréia do Sul, Chile, Canadá, Uruguai, Malásia e Argentina preveem a suspensão das exportações de todo o território brasileiro. 

Cuba e Bahrein têm embargos somente ao Rio Grande do Sul,enquanto Japão e Cingapura têm restrições apenas para 10 km do foco de Montenegro. O governo aguarda, para as próximas horas, manifestações da África do Sul, Rússia, República Dominicana, Bolívia e Peru. 

Preocupação

O primeiro caso da doença foi identificado na última sexta-feira (16), em uma granja comercial de Montenegro, no Rio Grande do Sul. Desde então, países como a China, Argentina e integrantes da União Europeia suspenderam as exportações de carne de frango brasileira. 

Em função dos focos identificados, a produção da avicultura do Rio Grande do Sul, o terceiro maior exportador do país, está embargada com suspensão de vendas. "O Mapa alerta que a doença não é transmitida pelo consumo de carne de aves nem de ovos. A população brasileira e mundial pode se manter tranquila em relação à segurança dos produtos inspecionados, não havendo qualquer restrição ao seu consumo. O risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é baixo e, em sua maioria, ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas (vivas ou mortas)", alertou o Ministério. 

Ainda segundo o Mapa, as medidas de contenção e erradicação do foco previstas no plano nacional de contingência já foram iniciadas. "Visam não somente debelar a doença, mas também manter a capacidade produtiva do setor, garantindo o abastecimento e, assim, a segurança alimentar da população", complementou.