Na última semana, um dos assuntos mais comentados na internet foi a suspensão da assistência climática que a Fundação Cacique Cobra Coral (FCCC) prestava aos Estados Unidos após o anúncio do tarifaço imposto por Trump ao Brasil. As buscas pela entidade brasileira cresceram consideravelmente no Google, e a principal curiosidade dos internautas é “o que faz a fundação”.

Apesar do interesse recente, a Fundação Cacique Cobra Coral já virou notícia várias vezes por supostamente interferir misticamente no clima de cidades em eventos específicos, como afastar a chuva no Rock In Rio ou no Réveillon. No site oficial, a entidade afirma que “foi criada para intervir nos desequilíbrios provocados pelo homem na natureza e minimizar catástrofes”.

A FCCC foi fundada em 1931, com sede em Guarulhos. A história oficial da fundação conta que em uma noite, no norte do Paraná, uma geada forte destruiu plantações quando uma mãe entrava em trabalho de parto. Segundo profecia, o espírito de Padre Cícero se manifestou e a bebê que nasceu naquele parto teria poderes para se comunicar com outro espírito, um ente poderoso o suficiente para alterar fenômenos naturais. Sete anos depois, já menina, a criança Adelaide recebeu pela primeira vez, no centro espírita frequentado pelos Scritori, as mensagens enviadas pelo Cacique Cobra Coral. 

Ângelo Scritori, médium e pai de Adelaide, fundou a entidade. Mais tarde, Adelaide Scritori também começou a atuar na entidade. O escritor Paulo Coelho foi vice-presidente da Fundação entre 2004 e 2006. Atualmente a FCCC é presidida pelo médium e jornalista Daniel Miranda Costa.

Foi Osmar dos Santos, marido de Adelaide, quem impulsionou o crescimento da entidade a ponto de ganhar destaque na imprensa e firmar acordos com políticos nacionais e internacionais. Em 1985, por exemplo, Osmar fechou uma parceria com o governo de Santa Catarina. O estado sofria com enchentes recorrentes, e o papel da fundação era prestar assistência em casos de emergências climáticas.

No Brasil, a entidade também afirma ter ‘protegido’ o Réveillon do Rio de Janeiro, em 2013, da chuva. Na China, a FCCC foi convocada em 2008, durante as Olimpíadas, para ajudar a reduzir a força dos ventos em Hong Kong e não cancelar as provas de hipismo.

Nos Estados Unidos, onde a intervenção foi parcialmente cortada após o anúncio do tarifaço de Trump, a fundação afirma ter atuado em 2013 no período de estiagem que assolava o meio-oeste dos EUA, buscando trazer chuva para a região – o que, de fato, aconteceu. Na época, em consequência da seca, a cotação da soja fechou com queda de mais de 30 pontos na Bolsa de Chicago.

Em 2023, fãs da cantora Taylor Swift chegaram a cogitar acionar a FCCC para evitar que chovesse nos shows da cantora em turnê no Brasil.