O comandante e diretor da Escola Superior de Aeronáutica (Esaer), Luiz Moterane, trabalhou por 12 anos com o piloto Décio Chaves Júnior, responsável pelo vôo 1907 da Gol. Segundo ele, os dois já percorreram a rota juntos por, no mínimo, 200 vezes sem que tenha havido qualquer problema.
Moterane lembra da dedicação do amigo, que na época era seu copiloto na Transbrasil. "Depois ele foi promovido a comandante, porque sempre executou suas funções com muita presteza e qualidade. Era um excelente piloto", recorda.
Com mais de 25 anos de experiência, Moterane acredita que Júnior estava mantendo o que eles chamam de nível de cruzeiro, onde não é comum o aviador fazer nenhuma manobra de mudança. "É um momento que não fazemos a aeronave nem subir nem descer. Ele não ia mudar de nível porque já estava próximo a Brasília. Também não ia descer porque estava consideravelmente longe da cidade", ressalta Moterane.
O comandante explica ainda que a uma velocidade de aproximadamente 850 km/h nenhum piloto consegue visualizar outra aeronave em sua direção. No entanto, ele esclarece que a tragédia poderia ter sido evitada com um aparelho chamado transponder.
"Os dois aviões possuem esse sistema de alerta que avisa a presença de uma outra aeronave próxima. Esse sistema é seguro, desde que não tenha sido desligado. A imprensa vem noticiando que o piloto do Legacy teria desligado o equipamento, fazendo uma subida não-autorizada e por isso teria se chocado com o avião da Gol", explica Moterane.