As autoridades do Espírito Santo informaram que o responsável pelos ataques a duas escolas em Aracruz, que culminaram com a morte de três pessoas, é um adolescente de 16 anos, filho de um policial militar do Estado. O atentado ainda deixou 11 pessoas feridas. O jovem, apreendido nesta tarde, confessou aos policiais que utilizou as armas do pai para o crime cometido nesta sexta-feira (25).
Ele ainda informou que tinha uma suástica, símbolo nazista, presa à roupa camuflada usada durante o ataque. Outras imagens que remetem ao regime liderado por Adolf Hitler, na Alemanha, também eram presentes na casa em que ele morava. As informações foram repassadas por integrantes do governo capixaba à imprensa durante entrevista coletiva no final desta tarde.
De acordo com o governador Renato Casagrande (PSB), o jovem é ex-aluno da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Primo Bitti, onde esteve matriculado até junho deste ano. "Temos a informação de que ele faz acompanhamento psiquiátrico, mas na ficha dele na escola não tinha nenhuma informação quanto a isso", informou chefe do Executivo. No pedido de transferência para otura instituição, não foi indicado nenhum motivo pedagógico.
Segundo Casagrande, a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Primo Bitti, primeiro alvo do menor, tinha toda a estrutura regular de segurança. À imprensa, o governador confirmou que o jovem arrombou cadeados e se dirigiu inicialmente à sala dos professores. "Houve planejamento de ataque mostrando como a cultura da violência está presente nas pessoas e em alguns jovens", acrescentou Casagrande.
"É uma tristeza sem tamanho. É fundamental que em uma sociedade tão complexa como a nossa, com tantas fraturas externas, que fiquemos atentos ao comportamentos das pessoas", alertou. O superintendente de Polícia Civil da Regional Norte, delegado João Francisco Filho, informou que o adolescente foi apreendido em casa. Com tranquilidade, ele descreveu toda a ação aos policiais. A postura do responsável pelo atentado ao ser encontrado pelos policiais foi apontada como “colaborativa”.
“Ele planejou esse fato por dois anos, ele disse que queria executar pessoas, mas o motivo ele não falou qual”, detalhou o delegado. O carro do pai foi utilizado pelo menos para ir às escolas e depois para fugir das instituições de ensino. “Ele tampou a placa e veio até a escola, praticou o ato e voltou com o carro e depois saiu da casa dos pais”, complementou João Francisco Filho.
O superintendente acrescentou que o menor se dirigiu a um segundo imóvel da família na cidade após atentar contra professores e estudantes. As armas usadas no crime são uma pistola.40, cedida pela Polícia Militar do Estado ao pai dele, que é PM, para uso em serviço. Um revólver de calibre 38, comprado pelo policial para uso particular, também foi utilizado pelo filho.
"Os pais dele estavam destruídos, mas eles colaboraram muito com nossa ação", contou o delegado. Questionado sobre a influência de jogos virtuais e fóruns que alimentam discursos de ódio na postura do adolescente, o delegado afirmou que os fatos serão investigados, inclusive com a perícia de equipamentos eletrônicos.
Como o atirador agiu?
De acordo com o secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Espírito Santo, coronel Márcio Celante, o atirador estava vestido com roupa camuflada e com uma máscara no rosto. O menor arrombou os cadeados para invadir as duas escolas.
De acordo com a Polícia Militar da região, o crime aconteceu por volta das 10h desta sexta-feira (25/11). Inicialmente, o atirador invadiu a escola Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Primo Bitti e disparou contra professores que estavam na sala para os docentes. Na sequência, seguiu para uma escola particular, Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC), e fez novos disparos contra os docentes e alunos.
Ele usou duas armas do pai, que é Policial Militar no Estado. Uma pistola.40, de uso em serviço, e um revólver calibre 38, comprada pelo agente de segurança para uso particular, mas que acabou sendo utilizada pelo adolescente. O adolescente relatou que dirigiu o carro do pai para ir às escolas e tampou a placa do veículo durante o ataque.
Com tranquilidade, ele deu detalhes de como agiu aos policiais e informou que a roupa utilizada por ele tinha um símbolo da suástica, que representa o nazismo, informou o delegado João Francisco Filho.
Quem participou da ação?
A PM trabalha com a informação de que houve mais de uma pessoa envolvida na ocorrência. Equipes da Polícia Civil atuam na investigação e vão periciar equipamentos eletrônicos do adolescente para verificar possíveis motivações. O ataque, segundo o superintendente de Polícia Civil da Regional Norte, delegado João Francisco Filho, estava sendo planejado há dois anos.
O adolescente era ex-aluno da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Primo Bitti, onde permaneceu matriculado até junho.
Apreensão do atirador
À tarde, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), informou que o adolescente foi apreendido na casa dele. O menor estava em casa, quando foi localizado pelos agentes. A Polícia Civil destacou que a prisão foi possível pelo monitoramento de câmeras que possibilitaram chegar ao destino final.
Aulas suspensas
Em nota, a Prefeitura de Aracruz, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed), informou que não há vítimas entre alunos e funcionários da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Coqueiral, que fica localizada ao lado de onde ocorreu o fato. Todos estão seguros e sendo assistidos pela prefeitura.
Já a direção do Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC) emitiu nota afirmando que lamenta "profundamente o grave incidente". "Nos solidarizamos com todos os que passaram por esse momento de extremo horror, incluindo nossos alunos, nossas equipes e seus respectivos familiares", diz o texto.
A instituição afirma que busca entender a extensão do ataque que vai deixar "mais profundas". "Contamos com a eficiência das forças policiais para que os responsáveis por esse ataque sejam presos e respondam por seus atos", finaliza a nota.
Quem são as vítimas?
A Secretaria de Estado de Saúde do Espírito identificou duas professoras que morreram. Cybelle Passos Bezerra Lara, de 45 anos, lecionava matemática e Maria Da Penha Pereira De Melo Banhos, de 48, era professora de arte. As duas docentes trabalhavam na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Primo Bitti.
A outra vítima é aluna do Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC) e não teve a identidade revelada. Outras seis vítimas baleadas estão internadas em estado grave. Um menino de 11 anos e uma adolescente de 14 estão em estado gravíssimo com perfurações na região abdominal e no crânio. Outras três professoras estão em estado grave e foram submetidas a cirurgias.
Há ainda uma terceira vítima hospitalizada, com perfurações nos membros inferiores. Conforme a pasta, ela realiza exames laboratoriais e de imagem.
Repercussão
O governador Renato Casagrande decretou luto oficial de três dias no Estado. “Decretei luto oficial de três dias em sinal de pesar pelas perdas irreparáveis. Continuaremos apurando as motivações e, em breve, teremos novos esclarecimentos”, publicou no Twitter.
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou o atentado como “tragédia absurda”. "Com tristeza soube do ataque as escolas de Aracruz, Espírito Santo. Minha solidariedade aos familiares das vítimas dessa tragédia absurda. E meu apoio ao governador @Casagrande_ES na apuração do caso e amparo para as comunidades das duas escolas atingidas", disse Lula.