PREOCUPAÇÃO

Covid-19: imunidade da terceira dose está caindo? veja a explicação médica

Apesar de testes positivos para Covid-19 em pessoas vacinadas, o que é considerado normal desde o início da vacinação, dose de reforço mantém proteção contra formas graves

Por Simon Nascimento
Publicado em 27 de maio de 2022 | 17:40
 
 
 
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Você certamente tem algum familiar ou conhece quem se infectou com a Covid-19 nos últimos dias com a alta de casos da doença observados no Brasil. Mas em meio ao crescimento de testes positivos, surge também a dúvida sobre o tempo de duração da proteção conferida pela terceira dose da vacina contra o coronavírus.

De fato, há uma queda na imunidade de quem recebeu as três aplicações? O assunto foi colocado em pauta nesta quinta-feira pelo médico e cientista Miguel Nicolelis no Twitter.
 

“Este é um dos momentos de maior risco da pandemia, basicamente porque todas as medidas de contenção da transmissão do vírus foram eliminadas, a janela de imunidade criada pelas vacinas está fechando, novas variantes estão circulando sem barreiras”, publicou na rede social. 

Atualmente, o Brasil tem apenas 44,82% da população imunizada com as três doses contra a Covid-19. Para se ter ideia da baixa adesão, na segunda dose a cobertura chegou a 77,78% dos brasileiros.

O presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), Juarez Cunha, reforçou que até a segunda dose houve comprovação, em dados, de que havia queda na proteção aferida pela vacina após um intervalo de quatro a seis meses da aplicação. 

No entanto, para a terceira dose, ele diz que ainda faltam dados para mostrar o período em que a  vacina vai garantir boa resposta imunológica para pessoas abaixo de 60 anos.

"A dose de reforço aplicada recupera a proteção que as duas doses iniciais tinham conferido, em especial na vigência da ômicron que é mais transmissível e escapa mais da resposta imune. Sabemos que mesmo pessoas vacinadas estão tendo Covid, mas a grande diferença é que as pessoas completamente vacinadas, com as três doses, e que tiveram a doença estão tendo uma resposta melhor, sem desenvolver formas graves”, assinala. 

O médico ainda explicou que diferentemente da quarta dose para idosos e imunossuprimidos, em que foi verificada a necessidade, não é o momento de fazer a ampliação da imunização para a população abaixo de 60 anos.

“Ninguém pode ficar totalmente tranquilo porque com o relaxamento de medidas não farmacológicas não sabemos o cenário que a gente tem e como vai ser a evolução. É preciso analisar os dados epidemiológicos e ver o que eles estão nos mostrando. No momento as pessoas precisam buscar aquilo que já está proposto desde o ano passado e colocar em dia a imunização”, complementou Cunha. 

Para o pesquisador da Fiocruz e coordenador do boletim InfoGripe, Marcelo Gomes,o atraso na busca pela terceira dose inviabiliza qualquer discussão sobre quarta aplicação em toda a população.

“Na primeira e segunda dose nós tivemos uma adesão maravilhosa. Chegou na dose de reforço e isso se perdeu pelo caminho e aumenta, sim, nosso risco de desenvolver casos graves. Não à toa é que foi incentivado, recomendado e autorizado o reforço, porque se observou nos dados que era realmente necessário”, opinou Gomes. 

Risco de variantes 

Além de produzir menor resposta contra formas graves da Covid-19, a ausência da terceira dose em massa na população também favorece o surgimento de novas variantes. No Brasil, atualmente, além da ômicron, há circulação sublinhagens da variante como a BA.1 e a BA.2.

“Quanto mais o vírus circula, exatamente o que estamos falando neste momento, de uma crescente de casos, maior a possibilidade de novas variantes que a gente não tem nem ideia de como vão se comportar”, alerta o presidente da Sbim, Juarez Cunha. 

Infectologista que integrou o comitê de assessoramento à Covid da prefeitura de Belo Horizonte, Unai Tupinambás lembrou que no mundo já há circulação de cinco subvariantes que surgiram a partir da ômicron.

“Elas têm característica de evadir à resposta imune e alta infecciosidade. É importante, portanto, manter a vacinação em dia, uso de máscara, porque quanto mais pessoas se contaminam, maior a chance de aparecer uma outra variante”, observa.

O médico, que também integra o corpo docente da Faculdade de Medicina da UFMG, também afirmou que há estudos em andamento para criação de estratégicas capazes de neutralizar a transmissão do Sars-CoV-2.

“O que está se pesquisando é a criação de uma nova geração de vacinas que a gente chama de pan coronavírus, que poderia ser eficaz contra cepas futuras e passadas do vírus”, acrescenta. 

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