Cuidado

Covid: quando haverá novas ondas? A quarta onda já chegou? Entenda o que se sabe

Lua de mel de baixa de casos dos últimos dois meses terminou, na perspectiva de especialistas, embora o cenário não seja o mesmo do pico do início de 2022

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 20 de maio de 2022 | 13:58
 
 
 
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O Brasil viveu uma “lua de mel” da pandemia nos últimos dois meses, mas os indicadores epidemiológicos dão sinais de que o país já está saindo dessa fase, na perspectiva de pesquisadores. Especialistas concordam que a onda mais recente de infecções por Covid-19 no Brasil, no início deste ano, não foi a última, mas têm esperanças de que as próximas sejam mais brandas, devido à vacinação, ao mesmo tempo em que tentam prever a frequência com que novos picos serão registrados

“Devemos prosseguir com aumento das internações e, daqui duas, três semanas, também aumento da mortalidade, uma vez que drogas para evitar o agravamento à doença não estão disponíveis no serviço público, de maneira geral [já existem medicamentos com efeito comprovado contra a Covid, mas a maioria não foi incorporada ao SUS]. Não devemos ter o mesmo impacto em termos de números ou taxas de ocupação hospitalar em relação às outras ondas, mas estamos vivendo novamente um recrudescimento da Covid-19”, avalia a infectologista e professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Raquel Stucchi. 

Hoje, com aumento de indicadores como a taxa de positividade de testes de Covid-19 e número de casos em acompanhamento, é possível que o país esteja entrando em uma quarta onda da pandemia, como já ocorre em países como EUA, África do Sul e Argentina. As sublinhagens da ômicron, como a BA.4 e a BA.5, no país africano, dão mostras de escapar parcialmente à imunidade conferida pelas vacinas e, principalmente, por infecções prévias. O número de casos graves, porém, tende a ser mais contido, a não ser que o escape continue a evoluir. 

Quando haverá novas ondas da pandemia?

Pesquisadores se debruçam sobre a evolução do vírus para entender a periodicidade das ondas da pandemia. Uma das hipóteses é que elas surjam semestralmente. “É como se a cepa da ômicron fosse, gradualmente, aperfeiçoando-se por meio de mutações e seleção biológica. Mantendo-se esse padrão, a evolução da Covid-19 pode se assemelhar à de infecções respiratórias já existentes, como a Influenza, causando picos periódicos de infecção. Pesquisadores observam que, em média, novas variantes surgem a cada seis meses, podendo ser esse, talvez, o período em que epidemias de Covid-19 virão a ocorrer”, pontuam os autores do boletim da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

O biólogo Átila Iamarino levanta a hipótese de que se veja repique de ondas nos próximos anos. “Sem novas vacinas ou novos tratamentos, não vejo muito como o cenário dos próximos anos será diferente do momento atual, com ondas rápidas de casos e ondas menores de hospitalizações e mortes que ainda fazem estrago no sistema de saúde – um estrago maior onde tomam menos reforço. Isso se o vírus não mudar a ponto de escapar tanto da imunidade que volta a causar casos mais graves, mas não tem indicação de que fará isso. Ele já circula bem, obrigado, como as coisas estão”, detalha, em um fio no Twitter.

 

Tudo fechará novamente com as novas ondas?

O governo de Minas Gerais e a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) admitem a possibilidade de retomar medidas restritivas contra a Covid-19 caso os indicadores escalem, mas ambas dizem que esse não é o cenário neste momento e que, por ora, não pretendem retomar restrições. O uso de máscara continua facultativo em locais fechados, embora especialistas orientem que, independentemente do que o poder público decida, a população mantenha o item de segurança neste momento

Infectologistas concordam que, com as variantes conhecidas atualmente, é provável que casos graves e mortes não cresçam no mesmo ritmo de novos casos, o que pode poupar o sistema de saúde da mesma pressão que ele já experimentou em outros momentos da pandemia. Em Minas, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) afirma que não vê, hoje, risco de sobrecarga do sistema.

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