Basta o goleiro Alisson Becker, titular da Seleção Brasileira, ganhar os holofotes para que a condição da pele do rosto dele vire assunto. O arqueiro é constantemente visto com a face avermelhada e, por vezes, inchada. A situação de Becker levanta a hipótese de que a causa da sua doença epidérmica esteja ligada a fatores emocionais, uma vez que a anormalidade costuma ser evidenciada durante grandes eventos e antes de jogos importantes, como a Copa do Mundo deste ano. 

O goleiro nunca falou abertamente sobre o tema. Quando perguntado, apenas teria dito que "estava na puberdade". Apesar disso, especialistas acreditam que o jogador sofra de rosácea, uma doença inflamatória que afeta a pele principalmente da região central da face, deixando-a mais sensível, seca, e vermelha. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a rosácea ocorre em 1,5% a 10% das populações estudadas, e em adultos entre 30 e 50 anos de idade.

Mas, até que ponto podemos considerar a relação entre as doenças da mente, como depressão e ansiedade, com as da pele, como por exemplo, a psoríase, o vitiligo, dentre outras? Ainda não há comprovação científica do quanto as patologias psicológicas podem afetar diretamente a pele humana, mas clinicamente é possível fazer ligações entre elas. “Como a origem embrionária da pele e do sistema nervoso é a mesma, então de todos os órgãos que temos, esses dois têm a mesma origem embrionária, levando a crer que doenças que afetam o sistema nervoso podem agravar ou desencadear problemas de pele,” explica o vice-presidente da Regional Minas da SBD, Abrahão Osta.

O médico destaca que as “doenças de fundo emocional” não são as causadoras das enfermidades epidérmicas, mas elas, assim como outros fatores, como os imunológicos, genéticos, ambientais e outros mais, podem provocar o desencadeamento ou agravamento de doenças de pele. No caso do goleiro Alisson, Osta diz que o clima também interfere muito na condição da pele do rosto. “No Catar, país sede da Copa do Mundo de 2022, é muito quente, e isso também pode contribuir para que a face dele fique com esse aspecto,” enfatizou Abrahão. 

Os casos têm sido cada vez mais frequentes e as pessoas, em crise psicológica, estão aumentando a procura por atendimento dermatológico. “Isso também tem a ver com o fato de que vivemos períodos de turbulências, como a Covid-19, eleições, e até a própria rotina desgastante, o que acaba afetando o emocional humano,” evidencia o médico. Sobre os cuidados, Abrahão afirma que algumas das enfermidades de pele pedem tratamento específico, mas algumas ações preventivas, como uso do protetor solar, evitar exposição ao sol por muito tempo e o consumo excessivo de álcool, além de ter uma alimentação saudável, valem muito para evitar o diagnóstico de doenças de pele.