Após o desabamento de um edifício na cidade de Paulista, região metropolitana do Recife, que deixou 14 mortos, muita gente passou a buscar informações sobre o termo “prédio-caixão”, nome popular dado ao tipo de construção dos prédios interditados em Pernambuco. Ao ver que vários edifícios colapsaram ou correm esse risco no estado nordestino, naturalmente vem a pergunta: os “prédios-caixão” são construídos em outros lugares do Brasil?

A resposta é sim, esse tipo de construção é bastante comum em todo o país desde os anos 1970. “Prédio-caixão” é um termo popular para um edifício do tipo alvenaria autoportante ou alvenaria estrutural, de acordo com Clemenceau Chiabi, presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape). Isso quer dizer que esses edifícios não precisam de sustentações, como vigas e pilares. Eles são construídos com blocos estruturais, que sustentam o próprio peso e são desenvolvidos especificamente para esse tipo de edificação. 

“São chamados de ‘prédios-caixão’ porque não têm detalhes arquitetônicos”, explica Chiabi. “Quase todos os os edifícios populares de hoje, com três pavimentos, são assim. Se feitos adequadamente, são bem seguros”, completa o especialista. 

Segundo ele, as edificações do tipo alvenaria autoportante são mais baratas e rapidamente construídas. Essas construções devem seguir normas técnicas e há muitos estudos de engenharia sobre isso, de acordo com Chiabi.

O mais importante para manter a segurança, segundo ele, é garantir que todos os moradores tenham consciência de que não podem derrubar paredes nesses prédios. “E é tudo muito rápido. Você tira a parede e logo aparecem trincas, demonstrando que o prédio está em risco”, diz Chiabi.

Segundo ele, é fundamental que todos os prédios de alvenaria autoportante ou alvenaria estrutural devem ter avisos afixados na entrada avisando que nenhum morador pode mexer nas estruturas das paredes. “Se quiser realmente tirar, é preciso fazer antes um reforço estrutural, planejado por um engenheiro”. 

Os edifícios de BH e região estão em risco?

A Defesa Civil de Belo Horizonte informou que não há nenhum edifício interditado ou com risco de desabamento na capital mineira. Em caso de rachaduras, trincas ou fissuras em edificações, o especialista da Defesa civil pode ser acionado pelo número 199.

Clemenceau Chiabi afirma que é muito difícil mensurar quantos edifícios na Grande Belo Horizonte poderiam ter problemas estruturais que levariam a uma interdição futura, pois as questões não são aparentes. O importante é que as pessoas estudem o tipo da construção do edifício onde moram antes de fazer uma reforma e fiquem atentas ao aparecimento de trincas.