Rio de Janeiro

Jornalista é agredido por homens armados no Complexo do Alemão

Profissional estava no interior de uma antiga fábrica, onde existe uma ocupação, quando foi alertado por uma das lideranças comunitárias que em breve haveria uma operação policial e que era melhor o repórter não ficar no local


Publicado em 10 de novembro de 2014 | 23:41
 
 
 
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O jornalista Henrique Soares, do portal G1, foi agredido nesta segunda-feira (10), por volta do meio-dia, quando fazia matéria sobre questões habitacionais, no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro. Segundo reportagem publicada pelo portal, o jornalista estava no interior de uma antiga fábrica, onde existe uma ocupação, quando foi alertado por uma das lideranças comunitárias que em breve haveria uma operação policial e que era melhor o repórter não ficar no local.

Ao sair, em direção ao carro de reportagem, Henrique foi rendido por dois homens, que o levaram para dentro do galpão, onde foi agredido a coronhadas e teve o celular e um relógio roubados. Os criminosos o teriam confundido com um policial, o que só foi esclarecido com o depoimento das lideranças comunitárias, que garantiram ser ele repórter.

Henrique foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro, onde recebeu os primeiros socorros e depois transferido para um hospital particular. Segundo parentes, apesar da violência, ele não ficou gravemente ferido e já depôs na polícia.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou nota manifestando solidariedade ao repórter e se colocou à disposição para apoiá-lo no que for necessário. A Abraji considera fundamental que os responsáveis pela violência sejam rapidamente identificados e punidos. Também pediu transparência total do governo do estado na apuração do caso.

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) lamentou o acontecido e informou que a ocorrência foi incluída no Relatório de Liberdade de Imprensa, divulgado anualmente, com todos os casos de violência contra a imprensa, seja por parte de criminosos ou da polícia.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro publicou nota manifestanto repúdio pela violência sofrida pelo repórter e exigiu apuração rigorosa do crime, com identificação e responsabilização dos agressores. Entre junho de 2013 e outubro de 2014, o sindicato tomou conhecimento e providências em relação a 114 casos de violência contra jornalistas no município do Rio de Janeiro.

O Complexo do Alemão é o mesmo local onde morreu, em junho de 2002, o jornalista Tim Lopes, que tinha ido na vizinha Vila Cruzeiro fazer uma matéria sobre a exploração de jovens em bailes funk. O Alemão foi ocupado por forças policiais em novembro de 2010, onde foram instaladas, em 2012, quatro unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Uma delegacia de polícia também foi inaugurada no local, o que garantiu, durante um longo período, uma situação de tranquilidade na comunidade. Porém, nos últimos meses, são constantes os enfrentamentos entre policiais das UPPs e traficantes de drogas, que voltaram a empunhar armas de grosso calibre, como fuzis e metralhadoras.

O secretário de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame, determinou empenho e rapidez na identificação e prisão dos responsáveis pela agressão. A secretaria ressaltou que considera inadmissível qualquer ameaça à liberdade de imprensa.

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