REITOR OPINA

Liderança dos reitores sobre novo corte no MEC: 'estamos no osso'

Presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Marcelo Fonseca, diz que contingenciamento inviabiliza ensino superior

Por Gabriel Ronan
Publicado em 05 de outubro de 2022 | 19:50
 
 
 
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O novo corte de R$ 1,059 bilhão decretado pelo governo federal no Ministério da Educação (MEC) nessa sexta-feira (30) deixa a situação das instituições de ensino superior ainda mais caótica no Brasil. Em entrevista dada a O TEMPO, o reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Marcelo Fonseca, que preside a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), afirmou que não há mais margem para novos contingenciamentos. 

“Esse novo contingenciamento não atrapalha. Ele inviabiliza o funcionamento (das universidades e institutos de ensino superior). Não é uma questão de atrapalhar. Não existe mais gordura a ser queimada no orçamento das universidades. Aliás, eu diria que nem estamos cortando na carne agora. A partir de agora, é cortar no osso propriamente dito”, disse na noite desta quarta-feira (5). 

Ricardo Marcelo Fonseca afirmou à reportagem que fará uma reunião com as lideranças da Andifes nesta quinta-feira (6) para verificar o que será feito daqui para frente. O corte no MEC, só neste ano, chega à marca dos R$ 2,4 bilhões, caso um outro contingenciamento feito entre julho e agosto seja somado. 

Este último contingenciamento significou uma redução de R$ 328,5 milhões para as universidades. No ano, o corte é de 763 milhões. “Nós, das universidades, vamos relembrar, temos o nosso orçamento reduzido nominalmente. Não é só aplicando a inflação. É nominalmente, de modo contínuo, desde 2016. Se você colocar a inflação em cima disso, a gente vai notar que o orçamento, que foi aprovado pelo Congresso Nacional para 2022, sofreu uma redução de 50% se a gente comparar com o orçamento em 2016”, diz o presidente da Andifes.

Segundo a Andifes, em nota, houve uma reunião entre o MEC e o Ministério da Economia, o que motivou o corte do orçamento das universidades. "Por uma análise preliminar deste novo decreto, este contingenciamento afeta praticamente todos os ministérios, mas o mais afetado foi o Ministério da Educação, que arcou com quase metade da limitação das despesas", esclareceu a associação. Para a Andifes, esse contingenciamento "coloca em risco todo o sistema das universidades".

Também em nota, o Ministério da Educação informou que "realizou os estornos necessários nos limites de modo a atender ao decreto, que corresponde a 5,8% das despesas discricionárias de cada unidade". Segundo a pasta, informações do Ministério da Economia dão conta que "os limites serão restabelecidos em dezembro".

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