A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, nesta quarta-feira, que o número diário de novas pessoas contaminadas pelo coronavírus no mundo já é superior ao registrado na China.
Conforme o diretor geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, com 411 novos casos na China e 427 casos no mundo na terça-feira, “o número de novos contágios registrados fora do país ultrapassou, pela primeira vez, o número de novos casos”.
Ghebreyesus alertou ainda para os riscos de uma pandemia, ou seja, para uma epidemia de magnitude internacional. A OMS deixou clara sua preocupação com o curso que a epidemia está tomando.
O mundo “não está preparado” para enfrentá-la, disse na terça-feira Bruce Aylward, especialista que dirige a missão conjunta OMS/China e que voltou de Pequim. “Deve-se estar preparado para administrar isso em larga escala, e isso deve ser feito rapidamente”, advertiu.
A organização mostra especial preocupação com os países pobres, mal-equipados para prevenir, diagnosticar e tratar o novo vírus. Fora da China, a Covid-19 (como é chamada a doença causada pelo novo coronavírus) já afeta cerca de 40 países. Nesta quarta-feira, o Ministério da Saúde do Brasil confirmou o primeiro caso na América Latina.
Europa
Mais de mil infectados na Coreia do Sul, novas mortes no Irã, aumento de contágios na Europa – após o foco na Itália, onde há mais de 400 casos e 12 mortos – e o óbito do primeiro francês em Paris. A epidemia do novo coronavírus se espalha, apesar das medidas mundiais de prevenção.
Desde terça-feira, quatro países europeus – Áustria, Suíça, Grécia e Croácia – registraram seus primeiros casos de infecção pelo novo vírus. Em Roma, a comissária europeia de Saúde Stella Kyriakides pediu que os 27 membros do bloco europeu fiquem alertas contra desinformação, notícias falsas e reações xenófobas.
Uma onda de pânico pode sobrecarregar serviços de saúde, prejudicando o tratamento dos doentes, alertou o diretor da OMS para a Europa, Hans Kluge.
Vizinhos da china
O governo do Paquistão, país fronteiriço com a China e o Irã (que tem o maior número de mortes pelo novo coronavírus), anunciou seus dois primeiros casos.
A Geórgia também registrou o primeiro caso, de um homem que voltou de viagem ao Irã. As autoridades iranianas anunciaram restrições à livre circulação dentro do país para as pessoas infectadas.
Glossário
- Declarar uma pandemia do novo coronavírus significaria reconhecer que a doença infecta, simultaneamente, pessoas ao redor do mundo, ou seja, que ela não está restrita a uma região.
- A declaração permitiria, por exemplo, ampliar a lista de alerta de países para a doença.
- Atualmente, a OMS considera a doença uma emergência global, colocando em alerta apenas países em que há transmissão interna “consistente” da doença.
- Isso significa que considera aquelas nações com mais de cinco infecções dentro do mesmo território: ou seja, que não foram “importadas” de outras nações.
Queda na China
Os números começam a apresentar queda na China, centro da epidemia. As autoridades comunicaram que 52 pessoas morreram nas últimas 24 horas, contra 71 na terça. É o menor número em três semanas.
O total de contágios também diminuiu: 406 novos casos, contra 508 de terça. Até ontem, foram 2.178 mortos e outros 78 mil contaminados na China.
No resto do mundo, foram em torno de 50 óbitos e pelo menos 2.800 casos confirmados.
Maioria dos casos é leve
Análise dos dados oficiais da China divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que a maioria dos casos de coronavírus é leve (80,9%). Todos os pacientes que morreram desenvolveram a versão mais grave da Covid-19, que atingiu menos de 5% dos infectados.
O estudo confirma que a maior taxa de mortalidade (14,8% dos infectados) está entre as pessoas com mais de 80 anos. Pacientes com outras doenças, principalmente cardiovasculares, têm risco maior.