Covid-19

Após UnB exigir passaporte, coordenadora de Medicina contra vacina deixa o cargo

Instituição de ensino aprovou cobrança do comprovante de vacinação para toda comunidade acadêmica; professora diz que decisão é 'incongruência' e imunizantes são questionáveis

Por Lucyenne Landim
Publicado em 28 de janeiro de 2022 | 09:28
 
 
 
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A coordenadora do curso de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), Selma Kuckelhaus, pediu desligamento do cargo após a decisão da instituição de ensino de cobrar o comprovante de vacinação contra a Covid-19 para a comunidade acadêmica. Ela não se vacinou contra a doença e adota discursos contrários aos imunizantes disponíveis e aprovados por autoridades sanitárias, por isso, considerou que sua posição como coordenadora ficou em desacordo com a gestão da faculdade.

Na avaliação da professora, a decisão pelo passaporte sanitário é uma “incongruência”. Diferente do que é garantido pela comunidade científica, que já finalizou todas as fases de testes dos imunizantes, ela afirma que as vacinas estão em “estão em desenvolvimento” e, por isso, têm segurança e eficácia questionáveis. A acadêmica também defende a “imunidade natural” após a infecção pelo coronavírus, que cientistas comprovaram não ter a mesma efetividade das vacinas.

“Sou sensível ao momento pandêmico vivenciado por todos nós, bem como às soluções criadas para o cuidado dos pacientes. Dentre essas, é sabido que as vacinas estão em desenvolvimento e, nessa fase, tanto a segurança quanto a eficácia suscitam inúmeros questionamentos. Para além disso, as vacinas disponíveis não impedem a infecção e tampouco o contágio, como demonstrado pelos inúmeros casos de infecção de indivíduos vacinados”, declarou a professora em comunicado sobre seu desligamento.

“Entendo ser uma incongruência a imposição do passaporte sanitário, desconsiderando os indivíduos que se recuperaram da infecção pela Covid-19 e que possuem imunidade natural, bem como aqueles que não sentem segurança nas vacinas disponíveis e julgam que o risco supera o benefício. Além disso, sou árdua defensora das liberdades individuais”, destacou, acrescentando esperar haver “pacificação e bom senso na tomada das decisões pelos gestores da universidade”.

A exigência do comprovante de vacinação para circulação nos espaços da UnB foi aprovada na quinta-feira (28) pelo Conselho de Administração (CAD), por meio de uma votação que contou com 47 votos favoráveis à medida e duas abstenções. A ampliação da medida, que antes valia apenas para acesso ao Restaurante Universitário (RU) e a Biblioteca Central (BCE), passará a valer em 15 dias.

A decisão do comando da universidade respalda-se em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que, no final do ano passado, derrubou um despacho do Ministério da Educação que proibia a prática. Na decisão liminar, o ministro Ricardo Lewandowski enfatizou que as universidades têm autonomia para definir a exigência do comprovante.

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