O ninho governista parece estar dando nós. A corrida pelo Senado tem começado a mudar o cenário da capital federal nas últimas semanas. A escolha do novo para senador, que ocorre em apenas um turno, parece estar polarizada entre dois nomes: Damares Alves (Republicanos), pastora e ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, e Flávia Arruda (PL), deputada federal e ex-ministra da secretaria de governo.
Damares e Flávia, que aparecem com os melhores resultados nas pesquisas eleitorais, também estão em outra queda de braço: a do apoio pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, também do PL.
Ambas parecem beber da mesma fonte para ampliar a comunicação no Distrito Federal. Damares utiliza o slogan “Amor Por Brasília” e Flávia tem em sua identidade visual o ramo de Arruda. Os dois símbolos foram utilizados pelo ex-governador José Roberto Arruda, marido da deputada
A equipe de reportagem do jornal O Tempo teve acesso a um panfleto de Flávia Arruda. Nele, temas como saúde, segurança e educação são abordados. No entanto, um assunto principal ocupou as folhas do informe: a defesa pelo direito das mulheres em viés conservador, também defendido por Damares.
No verso do panfleto, Arruda estampa uma foto com Bolsonaro. Acima dela, a descrição: “1ª mulher nascida em Brasília a ser ministra de governo no Brasil. Na mesma página, exalta outros trabalhos na defesa do grupo feminino, estrato onde a rejeição a Bolsonaro é a maior.
O presidente da República precisará definir em quem depositará seu apoio. Por enquanto, é possível ter um termômetro. A ex-ministra da Secretaria de Governo estrelou propaganda partidária do Partido Liberal em 11 de junho.
Em contrapartida, a pastora, que tem investido na “pauta de costumes”, teve apoio público da primeira-dama Michelle Bolsonaro à sua pré-candidatura. “Sempre juntas”, escreveu Michelle no Instagram ao compartilhar publicação da ex-ministra.
Em entrevista ao jornal, Leonardo Barreto, doutor em Ciência Política pela Universidade de Brasília e diretor da Vector Research, consultoria de risco político, afirmou que Flávia “pode estar querendo marcar território” na disputa ao Senado.
“Ela [Flávia~] pauta a agenda feminina, não feminista, de forma que tenta catalizar o apoio da direita”.
Segundo o especialista, a deputada tem vantagem em relação à pastora por ter um mandato “que detém recursos públicos para se manter em campanha permanentemente por meio de confecções de materiais”.
Segundo a lei nº 13.165, de 2015 “não configura propaganda eleitoral antecipada, desde que não envolvam pedido explícito de voto, a menção à pretensa candidatura, a exaltação das qualidades pessoais dos pré-candidatos e os seguintes atos, que poderão ter cobertura dos meios de comunicação social, inclusive via internet”.
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