7 de Setembro

Movimentos sociais falam em ato contra Bolsonaro no 7 de Setembro

Movimentos sociais falam em usar a data até para alavancar uma campanha pela prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro

Por Renato Alves
Publicado em 05 de setembro de 2023 | 20:14
 
 
 
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Enquanto a Presidência da República prega a pacificação do país no 7 de Setembro, com o lema “Democracia, Soberania e União”, movimentos sociais falam em usar a data até para alavancar uma campanha pela prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em função do caso das joias sauditas. 

Essa, inclusive, foi uma das pautas sugeridas para o Grito dos Excluídos, tradicional manifestação feita no 7 de Setembro. Comunicado divulgado pela Central de Movimentos Populares (CMP) diz que um dos motivos para ocupar as ruas no Grito deste ano é ampliar a pressão “pela prisão de Jair Bolsonaro, por seus crimes de genocídio contra a população brasileira, fraude eleitoral, golpismo e corrupção”.

O lema oficial deste ano é “Você tem fome e sede de quê? ”, mas há lideranças prometendo levar às ruas faixas pela prisão de Bolsonaro. Conjunto de manifestações criado em 1995 e realizado ao longo da semana em que se comemora o 7 de Setembro, o Grito dos Excluídos deste ano deve ter mais de 80 atos em todo o país. 

Encabeçado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Grito dos Excluídos tem forte adesão de entidades de esquerda, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT). 

Governo Lula fala em “normalizar” desfile

Por outro lado, o 7 de Setembro ainda não empolga petistas nas redes sociais. São raras as publicações de militantes convocando para o evento. Muito menos há convocação para apoiadores de Lula assistam o evento com camisetas, bonés e bandeiras na cor vermelha ou com imagens do presidente ou do partido dele. 

O governo, inclusive, diz querer exaltar a bandeira do Brasil, para mostrar que ela é de todos e não de um grupo político ou ideológico. Toda a Esplanada está enfeitada nas cores da bandeira brasileira. O governo Lula fala em “normalizar” o 7 de Setembro, principalmente o desfile na Esplanada dos Ministérios. 

Diferentemente dos anos do governo Bolsonaro, não haverá discursos. Também não há estímulo oficial para manifestações contra ou a favor de ninguém, nem qualquer órgão ou pauta. 

Nos últimos dois anos, Bolsonaro, ministros e outros aliados estimularam a população a ir às ruas para defender o governo e atacar o sistema eleitoral brasileiro e algumas instituições, principalmente o Supremo Tribunal Federal (STF). Muita gente levou cartazes e faixas pedindo intervenção militar, fechamento do Congresso e destituição dos ministros da Corte. Grande parte exibiu camisetas com o rosto de Bolsonaro.

Além de contar com a data do bicentenário da Independência, em 2022, a celebração teve o contexto de politização durante a disputa eleitoral. O caso fez com que Bolsonaro fosse investigado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder econômico e político na maneira como o evento foi realizado. Na época, o então presidente fez um discurso que foi acusado de ter cunho eleitoral.

Ele também convocou os eleitores a participarem dos atos do Dia da Independência vestindo verde e amarelo. “No próximo dia 7, todos nas ruas. Todos de verde e amarelo. Vamos mostrar ao mundo que estamos unidos no mesmo ideal”, disse às vésperas da data do ano passado.

Militares retomarão protagonismo

Na próxima quinta-feira (7), a programação na Esplanada vai se estender das 9 às 11 horas, com a participação de Lula – que, no entanto, não deve discursar. O governo espera um público de aproximadamente 30 mil pessoas, além de 200 autoridades e convidados dos Três Poderes.

O desfile terá o tradicional protagonismo das Forças Armadas. Além da passagem das tropas da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, com veículos e aeronaves, haverá, como nos outros anos, a apresentação da Esquadrilha da Fumaça, da Força Aérea Brasileira. O Corpo de Bombeiros também marcará presença. 

Ao término do desfile, será aberta, na área externa do Museu Nacional da República, uma exposição em homenagem às Forças Armadas.

Entre os civis, o 7 de Setembro dará destaque a estudantes de escolas públicas do Distrito Federal e convidados de outras instituições. Ao todo, serão quatro eixos temáticos no desfile: “Paz e Soberania”, “Ciência e Tecnologia”, “Saúde e Vacinação” e “Defesa da Amazônia”.

“Nossa mensagem principal com esta celebração nacional é a de união das pessoas, das famílias. Nação quer dizer ‘união de um povo’, sentimento de pertencimento. Vamos resgatar os valores da República, os símbolos oficiais, como a Bandeira do Brasil e o Hino Nacional. Exaltar esses símbolos nacionais é fundamental para reavivar o que está na Constituição brasileira”, afirmou o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta.

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