Investigação

Policial legislativo é alvo de busca da PF por facilitar vandalismo no Congresso

Agente foi alvo de buscas na 4ª fase da operação Lesa Pátria, que investiga os ataques aos três poderes. São cumpridos 3 mandados de prisão preventiva e 14 de busca e apreensão em cinco estados e no DF

Por Renato Alves
Publicado em 03 de fevereiro de 2023 | 09:13
 
 
 
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Equipe da Polícia Federal fez buscas na manhã desta sexta-feira (3) na casa de um policial legislativo acusado de ser omisso e até facilitar a ação de bolsonaristas radicais na invasão e depredação ao Congresso Nacional em 8 de janeiro. Ele mora no Lago Norte, um dos mais nobres bairros da capital.

O policial legislativo, que era lotado no Senado, teria deixado de combater os invasores do Congresso – o que caracterizaria omissão imprópria – e até comemorado quando os extremistas entraram no prédio.

Investigação feita pela própria Polícia Legislativa do Senado apontou a omissão e conivência do servidor. Ao menos seis policiais legislativos relataram, em depoimentos, desconforto com o comportamento do colega.

Câmeras do circuito interno de vigilância do Congresso flagraram o policial legislativo "comemorando como a um gol" a entrada dos bolsonaristas no Congresso após quebrarem as paredes de vidro.

Cópia do procedimento interno, com todas as provas, foi enviado há uma semana ao  Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos da Procuradoria-Geral da República (PGR), que denunciou o agente ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O coordenador do grupo, Carlos Frederico Santos, pediu que o policial seja afastado da função durante as investigações.

O Ministério Público Federal também pediu que o policial legislativo tenha os bens bloqueados, seja impedido de deixar o país e proibido de usar as redes sociais. Os pedidos foram todos acolhidos pelo STF.

O policial, que ainda não teve a identidade revelada, ingressou em 1996 no Senado e está próximo de aposentar.

PF recebeu três mandados de prisão para cumprir nesta sexta

O policial legislativo foi alvo da 4ª fase da operação Lesa Pátria, que investiga os ataques aos três poderes em Brasília em 8 de janeiro.

Os agentes da PF foram às ruas na manhã desta setxa munidos de três mandados de prisão preventiva e 14 de busca e apreensão em cinco estados (Rondônia, Goiás, Espírito Santo, Mato Grosso, São Paulo) e no Distrito Federal.

Até as 9h, tinha sido cumprido também um mandado de busca e apreensão no Espírito Santo. Em São Paulo, há alvos em Hortolândia e Bebedouro.

“Mário Furacão” é preso em Rio Verde (GO)

Em Goiás, agentes prenderam em casa Lucimário Benedito Camargo. Conhecido como "Mário Furacão", era o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Rio Verde, cidade que fica a 230km de Goiânia e é uma das mais ricas do Estado, por causa do agronegócio.

"Brasileiro só subindo a rampa, entrando cada vez mais e os soldados tacando bomba no povo, covardes. O poder emana do povo, o povo não vai sair, o povo não vai deixar ladrão governar o país, narcotraficante e muito menos comunista", disse Lucimário em um vídeo gravado durante os atos do dia 8, enquanto participava da invasão ao Congresso. 

Na imagem, ele aparece enrolado em uma bandeira do Brasil e registra a explosão de bombas de efeito moral ao fundo.

Operação Lesa Pátria é permanente, segundo a PF

A operação Lesa Pátria é permanente, segundo a PF. Na última sexta, mandados foram cumpridos em cinco estados e no DF. A PF afirma que os fatos investigados na operação, em tese, constituem os crimes de bolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado; associação criminosa; incitação ao crime; destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.

A qualificação dos crimes, no entanto, deve ser feita apenas ao fim das investigações, quando os suspeitos forem denunciados formalmente à Justiça pelo Ministério Público.

A primeira fase da Lesa Pátria foi deflagrada em 20 de janeiro, com oito mandados de prisão e 16 buscas e apreensões. Um dos alvos no Rio de Janeiro fugiu pela janela e, até a última atualização desta reportagem, seguia foragido.

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