Em tempos de crise hídrica, ações normalmente muito recomendadas perdem o status. Se antes as empresas de energia e as companhias de água e saneamento estavam em alta, com promessas de muitos dividendos, agora a situação é diferente. Só neste ano, as ações da Cemig caíram 10,36% e, as da Copasa, 32,64%. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores, acumula alta de 2,55%.
 

“Para quem quer retorno no curto prazo, esses setores não são indicados no momento, pois a recuperação vai acontecer, mas pode demorar. Mas, para o longo prazo, vale a pena, desde que o investidor sempre mantenha a carteira diversificada”, avalia o coordenador do curso de administração do Ibmec, Eduardo Coutinho.

Coutinho afirma que o futuro é incerto, uma vez que tanto energia como água e saneamento enfrentam problemas de natureza ambiental, o que dificulta o controle da situação. No entanto, ele afirma que, como haverá aumento de preços das tarifas, poderá haver mais repasse de dividendos. “Mas, se houver racionamento, o consumo vai cair e a base de arrecadação da receita também.”

A professora de finanças da Faculdade IBS da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Neuza Belo, afirma que, como qualquer outro investimento no mercado de ações, sempre haverá risco. Segundo ela, vai depender da capacidade das empresas de energia e água de investirem em tecnologias para tornar a produção mais sustentável.

“Não adianta olhar para o passado, o investidor precisa analisar é o que pode acontecer daqui para frente. Se as empresas tiverem um plano B e buscarem alternativas para lidar com a crise hídrica, aí vai virar uma boa oportunidade de investimento. Portanto, tudo vai depender da capacidade de reação. Se a empresa deixar claro que tem capacidade de se recuperar, vai atrair investimentos”, afirma Neuza Belo.

Em contexto de crise, os bancos sempre são uma boa alternativa para o mercado de capitais. Entretanto, Neuza lembra que, se as empresas vão mal, elas pegam menos empréstimos e aumentam o risco de inadimplência, o que também respingara no lucro dos bancos. “Considerando todo o cenário, 2015 está mais para a renda fixa. E, com as previsões de alta da taxa básica de juros, o mais indicado é apostar em investimentos pós-fixados”, diz Neuza.

A quem pertence

Veja a composição acionária das empresas:

COPASA

- Estado de Minas Gerais: 51,13%

BS AG, London Branch: 5,09%

Veritas Asset Management: 5,02%

The Bank of New York Mellon Corporation:4,84%

Outros Acionistas: 33,62%

Ações em Tesouraria:0,3%


CEMIG

Setor público: 23,32%, sendo 17,03% do Estado de Minas Gerais

Setor privado: 76,59%, sendo 28,65% (interno) e 47,94% (externo)

Ações em Tesouraria: 0,4%

Ações ao portador: 0.3%

Conselho de administração: 0,2%

Fonte: Áreas de Relações com investidores dos sites da Copasa e da cemig