Garantir que alunos de escolas públicas aprendam, de verdade, a língua inglesa. Esse é o objetivo da TC Idiomas, que fica em Itabirito, na região Central do Estado. O negócio foi premiado em julho deste ano pela Organização Social (OS) sem fins lucrativos NaAção, uma aceleradora de empreendimentos sociais. A escola participou da jornada 2018 da instituição, que oferece mentorias, coworking e networking para seus acelerados.

A TC Idiomas foi selecionada junto com outros nove negócios e terminou o processo em primeiro lugar. “A história da escola se divide em antes e depois da jornada”, conta o cofundador da TC Tiago Carvalho, 32. Segundo ele, o empreendimento alcançou um crescimento de 28% no número de alunos, passando de 180 para 230, depois de passar pelo processo de aceleração.

“O grande benefício da jornada foi a nossa inserção no ecossistema do empreendedorismo social. Entendemos onde estamos inseridos, profissionalizamos a nossa gestão e, com isso, vamos conseguir impactar um número maior de pessoas”, diz Carvalho.

Segundo o empresário, oferecer ensino de inglês para alunos de baixa renda aumenta as chances de inserção no mundo do trabalho. “Queremos dar oportunidade para quem está na base da pirâmide”, afirma. Segundo uma pesquisa da Catho de 2016, a fluência no inglês permite aumentar o salário de 20% a 61% dos profissionais brasileiros.

O foco na escola pública – 90% dos estudantes da TC Idiomas estão no ensino público – ilustra a preocupação da TC Idiomas de oferecer um serviço popular. A mensalidade chega a ser até três vezes mais barata do que a da concorrência em Itabirito. “Os alunos das escolas públicas têm acesso às aulas, mas não aprendem. Nosso objetivo é dar acessibilidade para eles, e alcançamos bons resultados. Aqui temos estudantes que estão melhorando suas notas e até fazendo provas para oportunidade de estudo e tirando total”, conta Carvalho, que também é professor e coordenador pedagógico da escola.

“Nosso objetivo é este: potencializar o protagonismo de pessoas que estão transformando o país com suas iniciativas. A gente acredita nelas”, explica a cofundadora da NaAção, Gabriela Oliveira Netto Crego.

A premiação da TC Idiomas na jornada envolveu um workshop de vendas no Sebrae Minas, mentorias com a equipe NaAção e a utilização do espaço de coworking mantido em Belo Horizonte pela aceleradora por seis meses.

 

Parcerias garantem preços populares

Para o cofundador da TC Idiomas Tiago Carvalho, mesmo mantendo mensalidades mais baratas do que a concorrência, é importante garantir o foco na qualidade para assegurar a proficiência na língua. “Nossas turmas são reduzidas, utilizamos material didático importado com metodologia de ensino utilizada nas principais escolas de idiomas do país”, afirma Carvalho. Para isso, o empresário afirma que são feitas parcerias com fornecedores, que diante da proposta da escola também oferecem preços mais competitivos, foco na redução de custos com aluguel e energia elétrica e diminuição das margens de lucro.

A escola também investe no multiculturalismo e recebe periodicamente estrangeiros para interagir com os alunos. “Já estiveram na escola pessoas vindas dos Estados Unidos, Irlanda, Quênia, França, e receberemos uma pessoa da Itália”, conta Carvalho.

 

Reciclagem gera renda em Jeceaba

Com foco na geração de renda, a Zoto Design ficou em segundo lugar na premiação oferecida pela aceleradora NaAção. “Capacitamos pessoas em vulnerabilidade social para elaborar produtos com resíduos de empresas parceiras”, conta a cofundadora da Zoto Letícia Hilário Guimarães, 27.

Em funcionamento desde 2015, a Zoto já envolveu mais de 60 alunos e reduziu em até 45% os resíduos sólidos das empresas parceiras. No projeto, são construídos móveis, utilitários e peças de decoração com pallets, fios e filtros de caminhão que seriam descartados por empresas de Jeceaba, na região Central de Minas. “Para a Zoto, nada é lixo”, afirma Letícia.

A Zoto tem parceria com a empresa Ferros e, em 2017, os resíduos da Vallourec eram usados. “A aceleração que recebemos da NaAção foi importante para nos organizarmos como empresa social, na parte de contabilidade”, conta.

 

Aceleradas foram escolhidas entre 300 projetos

A jornada da Organização Social (OS) NaAção selecionou 20 empreendimentos sociais em um universo de 300 candidatos. “Foram quatro meses de aulas teóricas e, no final de cada mês, apresentávamos o desenvolvimento do projeto de acordo com a aprendizagem”, conta o cofundador da TC Idiomas Tiago Carvalho, 32. Ele e sua sócia, Camilla Barreto, 27, ficaram em primeiro lugar ao fim da jornada de 2018.

“Os participantes aprendem a fazer um pitch (apresentação para investidores), a utilizar ferramentas digitais, entender de gestão e aumentar o relacionamento com o mercado formal”, explica a cofundadora da NaAção Carolina Antunes.