CARACAS, VENEZUELA. A Venezuela entrou nesta segunda-feira em uma nova etapa de sua profunda crise: o presidente Nicolás Maduro passa a governar com uma Assembleia Constituinte super-poderosa que ameaça radicalizar o conflito com a oposição e provocar um isolamento internacional.
“A Venezuela amanhece mais dividida e isolada do mundo”, comentou nessa segunda-feira (31) Julio Borges, presidente do Parlamento, um dia após a eleição da Assembleia Constituinte. A votação foi marcada pela violência, com dez mortos, elevando a 125 o número de vítimas fatais em quatro meses de manifestações contra o governo.
Maduro chamou de histórica a votação que, segundo ele, contou com mais de 8 milhões de venezuelanos (41,5% dos eleitores). Mas a oposição, que boicotou a eleição, denunciou um processo “fraudulento”.
“Nasce com grande legitimidade popular. Tem a força da legitimidade de um povo que saiu às ruas para votar. A Assembleia Constituinte deve ter consciência do poder em suas mãos”, assegurou na madrugada dessa segunda-feira (31) na praça Bolívar, em Caracas.
A Assembleia Constituinte, que terá 545 membros, deverá tomar posse nesta quarta-feira (2), na sede do Parlamento, controlado desde 2016 pela opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), que não reconhece o novo órgão. Maduro alertou que os deputados da oposição poderão ser alvos da Assembleia Constituinte, que será dotada de superpoderes. E ameaçou acabar com a imunidade dos parlamentares. “Será necessário retirar a imunidade parlamentar”, advertiu.
A Assembleia Constituinte vai liderar o país por tempo indefinido, estando acima até mesmo do presidente. Será responsável por redigir uma nova Constituição, que a oposição acredita que será usada para instaurar uma ditadura comunista. O organismo será integrado pelos principais líderes do chavismo, entre eles Diosdado Cabello e Cilia Flores, esposa de Maduro.
“Não reconhecemos esse processo fraudulento, para nós é nulo, não existe”, disse o líder opositor Henrique Capriles, ao convocar novos protestos. A União Europeia expressou sua preocupação com o destino da democracia na Venezuela.
“A Comissão tem sérias dúvidas sobre se o resultado da eleição pode ser reconhecido”, declarou a porta-voz do executivo da UE, Mina Andreeva, depois que a Espanha, México, Colômbia, Brasil, Argentina e Estados Unidos, entre outros, anunciaram que não reconhecerão os resultados da votação.
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