O corpo da brasileira Juliana Marins chegou a São Paulo no fim da tarde desta terça-feira (1º), seis dias após ser resgatado do monte Rinajni, na Indonésia. O corpo da publicitária passará por nova autópsia no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Rio de Janeiro, conforme acordo firmado por Advocacia-Geral da União (AGU), Defensoria Pública da União (DPU) e o governo estadual fluminense, a partir de um pedido da família. 

O corpo da jovem deve ser transportado pela Força Aérea Brasileira (FAB) entre os Aeroporto Internacional de Guarulhos e o Galeão, no Rio. O transporte até o IML será feito pelo governo do Rio, com apoio do Corpo de Bombeiros, acompanhado pela Polícia Federal (PF). A União também disponibilizou um perito da Polícia Federal para acompanhar integralmente o exame de necrópsia.

A nova perícia, solicitada pela família, poderá subsidiar uma apuração internacional sobre as circunstâncias da morte de Juliana, segundo a defensora regional de direitos humanos no Rio de Janeiro Taísa Bittencourt. Para ela, caso fique demonstrado que não houve investigação ou responsabilização pelas autoridades indonésias, o Brasil poderá abrir uma apuração própria, por meio da Polícia Federal, a partir do princípio da jurisdição extraterritorial. "Já pedimos a instauração de um inquérito policial na Polícia Federal para apurar esse eventual cometimento de crime de omissão no abandono da vítima", disse à Folha de S.Paulo.

Segundo Taísa, no entanto, ainda há incerteza sobre a capacidade técnica de a perícia revelar detalhes relevantes, devido ao estado do corpo. "Os peritos têm dúvidas se vão conseguir efetivamente constatar algo, considerando a deterioração. Mas é desejo da família fazer uma nova perícia com base nas normas e nas leis brasileiras para entender, na nossa cultura, o que efetivamente aconteceu."

Ainda não se sabe se Juliana morreu após aguardar o resgate por quatro dias em condições extremas ou se ela morreu após sofrer, pelo menos, duas quedas na ribanceira. O legisla responsável pela primeira autópsia, feita na última quinta-feira (26), em Bali, indicou que ela morreu logo após a queda por um traumatismo. Imagens de drone feitas após a queda sugerem o contrário: que ela resistiu ao acidente e aguardou dias pelo resgate.