Especialmente em 2024, o Carnaval de Belo Horizonte gira ao redor do som, com todas as discussões sobre o novo sistema de sonorização financiado pelo governo do Estado. Mas ele também precisa ser dos foliões com deficiência auditiva, público que um time de intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras) tenta incluir na folia.
Como intérpretes de Libras traduzem folia para Carnaval inclusivo em BH
— O Tempo (@otempo) February 12, 2024
Especialmente em 2024, o Carnaval de Belo Horizonte gira ao redor do som, com todas as discussões sobre o novo sistema de sonorização financiado pelo governo do Estado. Mas ele também precisa ser dos foliões… pic.twitter.com/UBIoPK4qwh
Sobre alguns carros de som de blocos da capital mineira, é possível ver intérpretes dançando enquanto traduzem os diferentes ritmos da festa — nem sempre conseguindo, de fato, serem vistos por quem precisa. Uma novidade que pode ajudar, na perspectiva de uma dessas profissionais, Dinalva Andrade, são os novos “trens elétricos” adotados por alguns blocos neste ano. Diferentemente dos trios tradicionais, eles colocam a banda na altura de um palco, mais visível para o público.
Nesta segunda-feira (12/02), Dinalva interpreta o axé do Baianas Ozadas sobre um desses trens, de olhos fechados e voltada para a multidão na avenida Afonso Pena. “O novo formato facilita demais a visualização do público. Até pouco tempo atrás, não havia acessibilidade nos blocos”, diz. Qualquer projeto que receba verba pública de incentivo à cultura é obrigado a ter algum tipo de ação de inclusão.
Além do Baianas, Dinalva estará em mais sete blocos neste Carnaval. Ela é parte de uma equipe de 20 intérpretes da empresa BH em Libras, uma das que oferecem esse serviço na cidade Quem acompanha o circuito de festivais de música da capital já pode ter visto o rosto dela no telão de outras grandes festas nos últimos anos.
Ela explica que costuma receber um mês antes a lista de músicas que serão interpretadas, a fim de estudá-las e poder traduzir tudo. A formação em teatro também a ajuda no trabalho. “Nós, intérpretes, precisamos ter uma relação com o ritmo. Eu preciso conhecer as letras e ter afinidade com os artistas. No Carnaval, trabalho com os blocos que gosto e com os que tenho relação com as músicas”, conta.
Quando os vocalistas tomam uma pausa, e só o som dos tambores ecoa na avenida, não resta a Dinalva a não ser dançar para traduzir essa alegria.