Vai brindar?

Qual será a bebida do Carnaval de BH em 2024? Estas 7 novas latas tentam a sorte

Inspiradas pelo sucesso da Xeque Mate, fabricantes usam folia como vitrine e trampolim para novidades

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 02 de fevereiro de 2024 | 06:00
 
 
 
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Álcool, dinheiro e folia andam juntos em Belo Horizonte durante o Carnaval. Para os milhões de foliões que saem às ruas da capital, o estoque de latinhas dos vendedores ambulantes é combustível para manter a alegria na festa. Para empreendedores do mercado de drinks, é uma oportunidade de negócios sem igual. Inspirados pelo sucesso da Xeque Mate, que decolou com os blocos de rua da capital nos últimos anos, fabricantes apresentam suas latas ao público em 2024 e tentam se tornar a nova bebida do Carnaval belo-horizontino.

As perspectivas são positivas. O Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (SindBebidas) estima que a venda das opções mistas (que misturam álcool e outra bebida) aumentarão 50% neste Carnaval em comparação a 2023. É um percentual maior do que a alta esperada para as cervejas.

Uma das marcas que colocará um novo rótulo nas ruas é A Equilibrista, produtora do Gingibre e da Rubra, já conhecidos na folia e nos bares da capital. Neste ano, além das duas, ela lança o Venm, à base de gin e mexerica. Agora, a concorrência é maior. “Em 2024, vamos ter a maior diversidade de drinks na lata que já tivemos em BH, e ouso dizer que pode ser a maior dos Carnavais do Brasil”, diz um dos sócios da marca, Guilherme Drager.

Como a maior parte das outras bebidas mistas, ela se mantém abaixo dos 8% do teor alcoólico. Não só por uma questão de sabor, mas de estratégia financeira, pois, acima desse valor, os impostos aumentam.

Conheça, a seguir, 7 novas opções disponíveis em BH neste Carnaval:

1 - Xangolião

Xangolião

A menção à Xeque Mate no início deste texto não é gratuita. Todos os empreendedores com que a reportagem conversou admitem que a marca se tornou um farol desse mercado na cidade. Um deles, João Pinheiro, criador da Xangolião, vai além e conta que sua marca tem uma ligação direta com a bebida à base de mate e rum. “Ela surgiu com a escassez de Xaque Mate no Carnaval passado, os vendedores não estavam conseguindo entregar. Sou produtor de cerveja, tenho noção de mixologia e fiz uma versão no bar do que imaginava ser parecido. Mas quis dar um toquezinho diferente, então coloquei café”, diz.

“É uma bebida energizante. O café tem uma torra média e fazemos uma extração dele a frio. É o menor ingrediente de todos, mas é um café potente. Quem gosta de café, percebe ele na hora”, complementa Pinheiro.

A receita é similar à do Xeque Mate, mas a versão em lata, lançada para este Carnaval, leva álcool à base da fermentação de cereais, em vez de rum, e tem um teor alcoólico levemente menor, de 6,5%. Foram produzidas 10 mil latas para a folia, com um preço de R$ 12 a R$ 15. O investimento inicial foi de R$ 40 mil.

2 - Jambrunão

Jambrunão

Conhecida de outros Carnavais, a cachaça artesanal Jambruna estreia em lata em 2024, em uma versão combinada com o guaraná belo-horizontino Guaramão. Batizada como Jambrunão, a mistura baixa o teor alcoólico de 39% da cachaça para 7,9% na versão gaseificada. “É como se fosse uma evolução mais refrescante e energética da Jambruna. Junta o tremorzinho do jambu com a refrescância”, apresenta a criadora, Bruna Brandão.

A bebida é servida no barril em alguns pontos da cidade, como o Bar do Tião (no Prado) e a Casa Sapucaí (no Floresta), e não será muito fácil encontrá-la nos blocos de rua, já que a produção inicial será de 3.000 latas. “O Carnaval será nosso grande ‘botar no mundo’, para deixar o povo provar e falar. Em março, pretendemos ter distribuição em dez bares”, explica Brandão.

O design da lata está sendo finalizado e, por enquanto, também é possível encontrar a bebida na garrafa. O preço deve flutuar entre R$ 15 e R$ 18. A produção das garrafinhas de Jambruna, constantes nos Carnavais belo-horizontinos, também prosseguirá. 

3 - Xá de Cana

Xá de Cana

Da beira da praia para uma capital sem mar, a ideia para a Xá de Cana surgiu em Vila Velha (ES), mas é no Carnaval de BH, sua verdadeira terra-natal, que ela faz sua estreia. A cana é em dose dupla: na cachaça e na base da bebida, o caldo da planta.

A criadora da marca, Sthella Lima, mudou-se de Minas para o Espírito Santo com o desejo de empreender vendendo caipirinha na praia. Não funcionou como ela planejava, porém a vontade de seguir no ramo das bebidas foi grande o bastante para ela desenvolver a Xá de Cana com ajuda de um laboratório especializado e ingredientes predominantemente mineiros.

“A bebida é super refrescante. São ingredientes comuns e muito antigos. Vamos ressignificá-los, trazer uma coisa nova, divertida, brasileira, quase uma Carmen Miranda em lata”, diz Lima.

Ela não revela o quanto investiu na empresa, mas promete 10 mil latas no Carnaval de BH, com preço sugerido de R$ 12 a R$ 15. O teor alcoólico é de 10%. 

4 - Venm

Venm

Dos criadores do Gingibre e da Rubra, o Venm é uma bebida de gin, mexerica, capim limão e manjericão. A novidade é uma parceria da marca A Equilibrista com a cervejaria Laüt Beer. A aposta de um de seus criadores, Guilherme Drager, é nacionalizar a bebida desde o seu início — haverá uma ação para promovê-la na Sapucaí, no Rio de Janeiro.

“O grande diferencial é que a mexerica é uma fruta extremamente consumida no Brasil. Temos uma sociedade com a Laut, que tem alguns braços de distribuição bem estabelecidos fora de Minas, então acredito que o Venm possa sair na frente do Gingibre e da Rubra a nível nacional”, avalia Drager.

Para o Carnaval de BH, serão entre 50 mil e 60 mil latas, nos blocos e em alguns supermercados, especialmente o Verdemar — mais 350 mil de Gingibre e 150 mil de Rubra. “Acho que vão acabar, e não só as nossas bebidas. Tudo o que produzimos já vendemos e já tem destino”, diz o sócio.

5 - Carimbó e Merengue

Carimbó

Açaí com guaraná ou com banana são velhos conhecidos. Eles ganham versões com catuaba e cachaça de bananinha, respectivamente, nas latas de Carimbó e de Merengue. Criações do Carimbó, bar no Mercado Novo que privilegia frutos do Norte do Brasil, eles trazem um sabor de natureza para o Carnaval, segundo um dos sócios, Pablo Maia.

“Trabalhamos com açaí de verdade, do Pará, e ele é muito perecível, então tivemos que contratar uma equipe de engenharia química e de alimentos para trabalhar com a gente”, diz. O teor alcoólico é de 7,9%. 

Inicialmente, foi produzido um lote pequeno, de 3.500 latas, divididas entre os dois sabores, com um investimento de R$ 40 mil a R$ 50 mil para apresentar a marca ao mercado. Detalhe do marketing: as duas latinhas se vendem como afrodisíacas.    

6 - Lambe Lambe

Lambe Lambe

A receita da latinha amarela de Lambe Lambe (que você já conheceu aqui) leva tangerina, limão e sal. “Combina com Carnaval”, rima a sócia e diretora comercial da marca, Kalinka Campos. À base de álcool da fermentação da fruta, a bebida leva para a lata um dos drinks com maior saída da fermentaria Lambe Lambe, presente no Mercado Novo e na Galeria São Vicente, em BH, e também em Tiradentes.

“É uma bebida sem adição de conservantes, a cara do Carnaval. Dá para beber muito sem perder a festa. É uma bebida de fruta, e neste calorão vem trazer um refresco para o Carnaval”, descreve Campos. A marca investiu R$ 200 mil só na folia, e pretende que a latinha de 355 ml seja encontrada de R$ 13 a R$ 15 — mas alguns ambulantes vendem mais caro. A Lambe Lambe tem 6% de teor alcoólico.

7 - Off Tropical

Off Tropical

Com um investimento de meio milhão de reais, outra bebida que estreia neste Carnaval é a Off Tropical, criação da Off Bebidas, cervejaria criada por estudantes da Universidade Federal de Viçosa (UFV), na Zona da Mata, em 2019. Agora, de olho na tendência das bebidas carnavalescas, a cervejaria investiu em um drink que promete “tropicalidade brasileira” desde o nome até as cores vivas da lata. 

Ela tem mais latas que a maioria das demais criações desta folia: são 120 mil unidades preparadas para o Carnaval de BH, fora a produção para a Zona da Mata. A ideia é misturar gin a frutas amarelas, como maracujá e manga, combinação com um teor alcoólico de 7,4%, levemente menor do que as demais desta lista.

O marketing da empresa descreve que o consumidor encontra na latinha “alta palatabilidade, cítrico, refrescante, com sabor e principalmente, cheiro marcante das frutas amarelas tropicais”. A sugestão de preço é de R$ 12 a lata de 355 ml e R$ 15 a de 473 ml. 

Extra: para além das latas, outros negócios aproveitam a onda das bebidas de BH

O boom do mercado de bebidas em lata em Belo Horizonte agita outros mercados além da fabricação. Criada no final de 2023, mas tomando impulso com o Carnaval de 2024, a Boozen promete ser uma plataforma exclusiva para a venda de drinks prontos na cidade.

A ideia da empresa, que tem um investimento inicial de R$ 40 mil, é ser uma ponte direta entre os fabricantes de bebidas mistas e o consumidor, com preços que prometem ser sempre 12% a 30% menores que os dos supermercados. “A galera dos drinks é muito nova e simpática, super aberta a novas propostas. A maioria não tem acesso aos supermercados, porque eles têm várias imposições. Vamos abrir a primeira loja especializada nesse mercado”, diz um dos fundadores da Boozen, André Leonel. O marketing da empresa martela: BH é a capital dos drinks prontos.

Para conseguir o valor abaixo dos supermercados, a Boozen não vende as bebidas por unidade, somente na caixa, geralmente com seis unidades, com prazo de entrega de dois a oito dias. Por isso, Leonel já dá a dica: quem quiser aproveitar os drinks mais barato no Carnaval deve encomendar até a próxima terça-feira (06/02). A marca também prepara um kit só com drinks na lata produzidos em BH — por enquanto, são 19, mas o número aumenta a cada dia.

Também estreando neste ano, a Drink na Lata se resume, por enquanto, a uma bicicleta de carga, mais longa, com uma caixa de bebidas presa no meio. “Todo mundo quer novidade. Acabamos de começar. A ideia é promover a marca no Carnaval e, depois, pensar na loja física e digital”, sonha o criador da Drink na Lata, Matheus Bechelani, mais um que aposta no mercado de drinks para além da diversão, e sim no sucesso financeiro que ele pode apresentar.

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