As escolas de samba do grupo especial de São Paulo fizeram um primeiro dia de desfile no Sambódromo do Anhembi, na zona norte da cidade, marcado pela valorização das religiões de matriz africana, por homenagens ao cantor Cazuza, a importância nos jogos na história da humanidade e pela inspiração na canção Aquarela como enredo para cantar a vida e o luto.

Em uma noite sem chuvas, entre a noite de sexta-feira (28) e a madrugada e manhã deste sábado (1), com temperatura agradável, as escolas conseguiram contagiar o público, que compareceu em peso ao Sambódromo - mas sem preencher todos os espaços das arquibancadas. O primeiro dia teve a presença de 32 mil pessoas, de acordo com a Prefeitura de São Paulo.

A Colorado do Brás abriu os desfiles na noite desta sexta-feira (28). A agremiação que completa 50 anos levou para a passarela o enredo Afoxé Filhos de Gandhy no ritmo da fé, homenagem ao tradicional bloco carnavalesco Filhos de Gandhi, que nasceu em Salvador na década de 1940.

Na sequência, já invadindo a madrugada de sábado, desfilaram Barroca Zona Sul, Dragões da Real, Mancha Verde, Acadêmicos do Tatuapé, Rosas de Ouro e, para fechar o primeiro dia de apresentação, Camisa Verde e Branco.

As escolas colocaram na avenida enredos que valorizam a história dos negros no carnaval, com referências à cultura e às religiões de matriz africana, como a Barroca Zona Sul, com Os nove oruns de Iansã. A Dragões da Real, segunda colocada do carnaval de 2024, sob a regência do carnavalesco Jorge Freitas, se inspirou na música Aquarela para fazer o seu cortejo, costurado pelo enredo: "A vida é um sonho pintado em aquarela!".

Com Bahia, da Fé ao Profano, a bicampeã Mancha Verde valorizou as festas carnavalescas da Bahia, preenchidas de fé e dança; enquanto Rosas de Ouro apostou no tema do jogos de sorte e a sua importância para moldar uma sociedade que sempre busca pelas vitórias. O enredo da escola heptacampeã foi: "Rosas de Ouro em uma Grande Jogada".

Acadêmicos do Tatuapé levou para o Sambódromo um enredo voltado para a Justiça e as desigualdades, enquanto Camisa Verde Branco, já na parte da manhã, animou os foliões com "O tempo não para! Cazuza - o poeta vive!", homenagem ao cantor e compositor brasileiro que morreu em 1990, aos 32 anos, vítima de AIDS.

Antes do início do desfile das escolas do grupo especial, foi realizada a apresentação das velhas-guardas de São Paulo, um cortejo realizado desde 2022, em homenagem aos integrantes com anos de história nas agremiações.

O desfile deste ano foi o primeiro após a morte do sambista Carlos Alberto Caetano, o Seo Carlão do Peruche, o último baluarte do carnaval e um dos fundadores da Unidos da Peruche, em 1956. Ele morreu no último dia 17, aos 94 anos. Na alegoria que abriu o desfile, uma fita preta com as pontas se cruzando, em sinal de luto, foi anexada ao brasão da Velha Guarda.

Os integrantes das tradicionais escolas paulistanas cruzaram o Sambódromo ao som do samba Tristeza, composição de Haroldo Lobo e Nilton de Souza, mas marcada na voz de Beth Carvalho. E foram guiados pelos estandartes erguidos para marcar a divisão entre cada agremiação.