Luta, alegria e representatividade. Mesmo sem patrocínio, e com campanha nas redes sociais para arrecadar fundos, o Angola Janga conseguiu botar seu trio na rua na tarde deste domingo (2/3). O bloco, que traz o tema "Ciclo da Ancestralidade", completa 10 anos em 2025 e ocupou parte da avenida Amazonas, no Centro de BH. 

Para marcar o início do cortejo, uma das vocalistas, Ana Hilário, fez um discurso de resistência e afirmou que  o povo preto "não vai morrer".

"Estamos representando a história. Vamos resistir e mudar esse país. Os blocos negros são muito importantes para a história dessa cidade e do Brasil. Não vão conseguir nos matar nunca", declarou. 

Fundado em 2015 por por Lucas Jupetipe e Nayara Garófalo, o Angola Janga consolidou-se como um dos blocos afro mais emblemáticos de Belo Horizonte. Não por acaso, o bloco nasceu em 20 de novembro, Dia Nacional do Zumbi e da Consciência Negra.

Desfile do bloco Angola Janga, em BH
Desfile do bloco Angola Janga, em BH - Crédito: Rodrigo Oliveira/O Tempo

"Não é apenas um bloco de Carnaval, mas um espaço de resistência e de fortalecimento do nosso povo. Queremos que cada pessoa negra que passa pelo bloco se sinta parte de algo maior, um quilombo moderno que acolhe e transforma vidas", afirma Lucas.

A cofundadora reforça essa perspectiva e o papel do bloco na luta do povo negro. "São 10 anos de celebração, aprendizado coletivo e fortalecimento das nossas tradições. O Angola Janga é sobre memória, sobre cidadania, sobre educação. É sobre nos reconhecermos como sujeitos históricos e ativos na construção de uma sociedade mais justa", afirma.