Todos os sabores do queijo artesanal de Minas Gerais concentrados em um só lugar, com entrada gratuita, degustação, acompanhamentos e receitas especiais. Quem quiser experimentar esta experiência pode visitar a “Rua do Queijo e do Patrimônio”, exposição montada no Mercado de Origem, no bairro Olhos D’Água, região Oeste de Belo Horizonte, até domingo (17 de novembro), neste fim de semana.
O método de produção do queijo artesanal de Minas Gerais está a um passo de se tornar patrimônio imaterial da humanidade, um reconhecimento dado pela Unesco, entidade vinculada à ONU, para práticas que representam a cultura de um povo. O presidente da Associação Mineira do Queijo Artesanal (Amiqueijo), José Ricardo Ozório, destaca que o evento mostra toda a diversidade dos queijos nas dez regiões produtoras de Minas Gerais.
“O queijo Minas artesanal é uma boa herança que temos dos portugueses e tem trezentos anos que a gente vem fazendo este queijo em Minas Gerais. É um queijo feito de leite cru, com o pingo, que é o soro que a gente coleta no dia anterior, que funciona como fermento, com coalho e sal, mais nada. Nosso jeito de fazer é o jeito de prensar, de mexer a massa, é o cuidado que nós temos com os animais, é a nossa tradição”, explica.
A confirmação do título de patrimônio da humanidade deve ser confirmado no próximo mês, durante a 19ª Sessão do Comitê Intergovernamental da Unesco no dia 6 de dezembro em Assunção, no Paraguai. Mas mesmo antes da oficialização, o reconhecimento internacional já tem trazido ganhos para os produtores mineiros.
“Primeiro é motivo de muito orgulho e o que já está acontecendo é uma valorização do produto. Não apenas ou não necessariamente em valor de dinheiro, mas também cultural. A gente já começa a ter uma demanda maior por queijo, por conhecer esse queijo, uma demanda de escolas. Esse reconhecimento de trazer esse “saber fazer” para a comunidade é o que verdadeiramente nos entusiasma”, diz José Ricardo.
Queijo em Minas
São dez regiões produtoras de Minas: Araxá, Campo das Vertentes, Canastra, Cerrado, Diamantina, Entre Serras da Piedade ao Caraça, Serra do Salitre, Serro, Triângulo Mineiro e Serras da Ibitipoca. Cada uma delas enviou alguns representantes para expor no evento.
A curadoria para seleção dos produtores foi feita pela Emater junto com a Amiqueijo e o resultado final é uma variedade de sabores que mostra toda particularidade da produção mineira. Desde os queijos mais comuns ao paladar dos consumidores, até aqueles com maturações mais longas e sabores mais marcantes. “A diferença não está no jeito de fazer, mas na altitude, na temperatura, na umidade, no pastoreio, no tipo de gado, é o que a gente chama de terroir. Tem um traço comum, mas cada região tem sua característica marcante”, explica o presidente da Amiqueijo.
Receitas especiais
Além de mostrar os produtos feitos em Minas, a exposição “Rua do Queijo e do Patrimônio” também tem um evento especial que envolve todos os restaurantes do Mercado de Origem, que mostram possibilidades de uso do queijo com a produção de receitas por chefs dos estabelecimentos do local, como explica Bernard Martins do Mercado de Origem.
“O evento aqui faz parte dessa celebração do futuro reconhecimento do modo de fazer queijo mineiro como patrimônio da humanidade, do mundo inteiro, é um legado que a gente deixa para as próximas gerações, e nada melhor do que receber esse pessoal aqui no Mercado de Origem”, diz. “Estamos tendo junto um festival de gastronomia com os pratos de queijo, com os lojistas do Mercado, vai ter música, atrações culturais e nada mais natural do que fazer aqui, que junta todos esses produtos de Minas, com cachaça, café”, destaca.
Ele lembra que Belo Horizonte, mesmo não sendo uma cidade produtora de queijo, pode se tornar um centro de referência nacional para esta produção. “Belo Horizonte, não produz. Mas pode vender o queijo de Minas Gerais inteira”, avalia Bernard Martins.