Em 12 anos, a população do centro de Belo Horizonte diminuiu cerca de 10,2%. É o que mostram os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última quinta-feira (14/11), com base no Censo Demográfico de 2022. Na época da pesquisa, 14.589 pessoas residiam no bairro, o que representa uma redução de 1.656 habitantes em relação aos dados do Censo de 2010, quando a região possuía 16.245 moradores.
De acordo com a "Tabela 9923 - População residente, por situação do domicílio", no último Censo, o centro de Belo Horizonte ocupava a 35ª posição no ranking dos bairros mais populosos. Dentre os 474 bairros listados, o Buritis, na região Oeste, era o mais populoso, com 42.342 habitantes. Já os bairros Baleia e São Damião, localizados nas regionais Leste e Venda Nova, respectivamente, ficaram empatados na última posição, com apenas cinco moradores cada.
Na visão da urbanista e consultora em inovação urbana, Branca Macahubas, existem três motivos que podem explicar a diminuição da população do Centro da cidade: a baixa produção habitacional, a falta de zeladoria e a insegurança da região, além do preço dos imóveis.
“Há um aumento no valor do aluguel e do preço de compra e venda, e uma ausência significativa na produção de novas habitações dentro da região central. Isso é aliado também à violência, à sujeira e à falta de manutenção e zeladoria da região. Tudo isso acaba afetando a vontade das pessoas de morar no Centro”, explica.
Embora a população tenha diminuído, a urbanista acredita que os esforços da Prefeitura de Belo Horizonte para atrair moradores para a região, como o programa "Centro de Todo Mundo", podem surtir efeito e aumentar a quantidade de habitantes. Lançado em 2023, esse programa de requalificação do Centro visa tornar o bairro mais bonito, amigável e agradável.
“Eu acredito que isso terá um efeito muito positivo. Este ano, inclusive, foi publicada a Lei do Retrofit para a região central de BH, uma lei importante para permitir que prédios antigos, comerciais, sejam transformados em unidades residenciais, como apartamentos e casas”, afirma.
Segundo Branca Macahubas, Belo Horizonte está seguindo uma tendência mundial de ocupação dos centros urbanos, principalmente devido à infraestrutura que essas regiões oferecem à população. Na visão dela, as obras que estão sendo realizadas no Centro, como a revitalização da Rua Sapucaí, da Praça da Estação e outros trabalhos de zeladoria, podem aquecer o mercado imobiliário na área.
A urbanista explica ainda que o movimento de atrair pessoas para o Centro é uma maneira do poder público incentivar o uso de uma região que já possui infraestrutura de qualidade. “Já é uma área onde não é necessário fazer grandes investimentos em infraestrutura de energia elétrica, água e esgoto, porque isso já existe. E hoje é uma infraestrutura subutilizada pela quantidade de pessoas que estão ocupando”, explica.