Miguilim era um menino do sertão que não compreendia o universo dos adultos. No livro "Manuelzão e Miguilim", de 1964, o garoto "vê" sua vida mudar após um médico diagnosticar sua miopia e ele ganhar um par de óculos, que lhe permitiu enxergar o mundo de forma inédita. Inspirado na história, o programa do governo de Minas, que leva o nome do personagem de Guimarães Rosa, tenta fazer o mesmo para crianças e adolescentes das escolas públicas do Estado, oferecendo triagens oculares para alunos de 5 a 18 anos. 

No programa Miguilim, uma parceria das secretarias de Estado de Saúde (SES-MG) e de Educação (SEE-MG), as triagens são realizadas por professores capacitados que utilizam o chamado "Teste de Snellen". Caso algum problema seja identificado, os alunos são encaminhados para a Atenção Primária e, posteriormente, para consultas na Atenção Especializada.

Além do diagnóstico, o programa fornece óculos para os estudantes que necessitam. A meta, segundo o Estado, é realizar 107.394 consultas e distribuir 32.259 óculos, com um investimento superior a R$ 21 milhões, abrangendo os 769 municípios que aderiram ao programa Miguilim.

A história de Sophia, de 10 anos, de Sacramento, ilustra a importância do programa. Antes de receber os óculos, Sophia reclamava de dores de cabeça e dificuldades para estudar. “Ela passou pela triagem na escola, foi encaminhada para o oftalmologista e então recebeu os óculos. Desde então, já percebemos a melhora dela na escola e nas atividades diárias, tanto em casa quanto na realização das atividades escolares, e estamos muito felizes”, comemora o pai, Leonardo Bernardes.

Rosilene Carvalho, professora de São Sebastião do Maranhão, reforça que o treinamento oferecido pelo Miguilim capacita os educadores a identificar precocemente problemas de visão, o que impacta positivamente no ensino-aprendizagem. "Com melhor visão, os alunos aprendem mais, têm desempenho superior em provas e aprendizado mais efetivo", conclui Rosilene.

O vice-governador de Minas Gerais, professor Mateus, destaca a relevância do programa para o diagnóstico precoce dentro das salas de aula. "O Miguilim possibilita, de forma rápida e eficaz, a identificação de alguma doença visual na criança ou adolescente. E, com o programa, o governo de Minas garante o tratamento definitivo e o acompanhamento daquele estudante, que poderá seguir seu aproveitamento escolar da melhor maneira", explica o vice-governador.

O secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, enfatiza que o programa contribui para reduzir os vazios assistenciais em oftalmologia. “Identificar problemas visuais logo na infância é crucial para o aprendizado, a socialização e a qualidade visual na vida adulta”, pontua. "Já estamos colhendo resultados muito positivos, com crianças e adolescentes, desde a educação básica até o ensino médio, sendo triados, encaminhados, recebendo os óculos e melhorando o desempenho escolar", afirma Baccheretti.

Para o secretário de Estado de Educação, Igor de Alvarenga, o programa reforça o compromisso do Governo de Minas com o cuidado integral dos estudantes da rede estadual. "Integramos saúde e educação para prevenir a evasão escolar e garantir que nossos alunos tenham as condições necessárias para desenvolver todo o seu potencial", ressalta.

Expansão da Rede de Cuidados Oftalmológicos

Além do Miguilim, o governo de Minas está estruturando a Rede de Atenção Oftalmológica, que visa ampliar o acesso a consultas, tratamentos e cirurgias, com um orçamento de R$ 67 milhões para o cofinanciamento dos serviços.

A Política Estadual de Oftalmologia garante que toda criança tenha sua primeira consulta oftalmológica no primeiro ano de vida. A rede também abrange cuidados para condições como glaucoma, câncer e catarata, além de reabilitação visual, oferecendo suporte especializado para pessoas com deficiência.

Os Centros Especializados em Reabilitação (CER) desempenham um papel essencial nesse processo. Em Minas Gerais, 18 serviços oferecem suporte a diversas modalidades de reabilitação, como visual, auditiva e física, garantindo um atendimento integral aos pacientes.

Saúde auditiva também é prioridade

O Miguilim também atua na detecção de problemas auditivos na rede pública de ensino. Para isso, foram destinados R$ 14 milhões à estruturação dos serviços e à realização de exames e consultas especializadas.

Esse eixo do programa está em fase de implantação, e até o momento, 83 Serviços de Saúde Auditiva na Infância, de 72 microrregiões do estado, já aderiram à iniciativa.