Dois réus pela morte de duas crianças de 9 e 11 anos e de um homem de 26 — triplo homicídio conhecido como chacina de Ribeirão das Neves — foram transferidos de presídio. Conforme apurado pela reportagem com uma fonte ligada ao processo, o remanejamento ocorreu após as autoridades descobrirem um suposto plano de fuga.

Pedro Paulo Ferreira de Lima, conhecido como Paulinho Satan, e Yago Pereira de Souza Reis estavam no presídio Inspetor José Martinho Drummond, em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte, e foram levados para a Penitenciária Deputado Expedito de Faria Tavares, em Patrocínio, no Triângulo Mineiro.

Yago é um dos atiradores, enquanto Paulinho é apontado pelas investigações como um dos mandantes do crime. Ele já estava preso à época da chacina e teria, de dentro da prisão, ordenado a morte de Felipe Júnior Moreira Lima, de 26 anos. Também morreram o filho dele, Heitor Felipe, de 9, e a sobrinha, Layza Manuelly de Oliveira, de 11.

A fonte ligada ao processo também informou que o suposto plano de fuga previa que a escapada ocorresse antes do Natal. Contudo, mais informações sobre o suposto esquema não foram reveladas devido ao sigilo do processo e das informações prisionais.

Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) afirmou que os dois réus estão custodiados na penitenciária de Patrocínio desde 12 de dezembro. No entanto, a pasta afirmou que “por questões de segurança, detalhes relacionados à transferência de detentos não são divulgados”.

Além disso, afirmou que “transferências fazem parte da rotina de gestão prisional aplicada pelo Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG)”.

O TEMPO também procurou representantes dos dois réus citados, mas eles não foram encontrados. O espaço permanece aberto para posicionamentos sobre a suposta tentativa de fuga e o envolvimento deles na chacina de Ribeirão das Neves.

Chacina

Familiares e amigos comemoravam o aniversário de Heitor Felipe, de 9 anos, em um espaço no bairro Areias, em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte. As comemorações começaram cedo, às 9h de quinta-feira, 23 de maio, e se estenderam durante o dia.

Por volta das 19h, entretanto, quando os convidados já estavam indo embora, dois homens armados invadiram o espaço e começaram a atirar. Três pessoas morreram, e outras três ficaram feridas. As vítimas foram socorridas para a UPA Justinópolis e, posteriormente, encaminhadas ao Hospital Risoleta Neves, em Belo Horizonte.

Réus e prisões

Oito pessoas se tornaram réus pelo crime, sendo que três estão foragidos. Dois deles, os irmãos Flávio Celso da Silva, de 45 anos, o “Alemão”, e Leandro Roberto da Silva, de 43, o “Beirola”, são apontados pelas investigações como mandantes do crime. Eles seriam líderes do tráfico de drogas no bairro Morro Alto, em Vespasiano. Também é procurado Marcelo Alves Rodrigues, de 35 anos, conhecido pelos apelidos de "Tio Gordo" e "Bola 7".

A primeira prisão ocorreu horas após a chacina, em 23 de maio. Yago Pereira de Souza Reis, de 23 anos, acusado como um dos executores, foi detido após dar entrada em uma unidade hospitalar com um ferimento causado por arma de fogo. Ele foi atingido, por engano, pelo próprio comparsa.

Em 5 de julho, a polícia prendeu Ivone Silva de Almeida, de 42 anos. As investigações apontam que ela teria fornecido informações aos criminosos sobre a localização do homem de 26 anos, alvo dos disparos.

O terceiro preso no caso é Pedro Paulo Ferreira Lima, vulgo "Paulinho Satan". Ele também é apontado como um dos mandantes e já estava preso na época da chacina. De dentro da cadeia, ele teria dado a ordem para a execução.

Em 24 de agosto, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), em operação conjunta com as forças de segurança do Espírito Santo, localizou o segundo executor: Agnes Danrlei Santos Nascimento, conhecido como “Biscoito”.

A quinta prisão ocorreu em 10 de outubro, quando a PM capturou Fabiano Alves Campos, de 39 anos, após o recebimento de denúncia anônima.

Quem são as vítimas?

Morreram Heitor Felipe, de 9 anos, seu pai, Felipe Júnior Moreira Lima, de 26 anos, e uma prima, Layza Manuelly de Oliveira, de 11 anos. A família comemorava o aniversário de Heitor no espaço de festas quando o ataque ocorreu.

Os disparos também atingiram outras três convidadas: uma adolescente de 13 anos, sua mãe, de 41, e uma jovem de 19. Elas foram socorridas para a UPA Justinópolis e, posteriormente, encaminhadas ao Hospital Risoleta Neves, em Belo Horizonte.

A adolescente e a jovem se recuperaram bem. A mulher de 41 anos, no entanto, ainda está sendo monitorada de perto pelas equipes médicas. Familiares consideram a sobrevivência dela um milagre.