REPRODUÇÃO ASSISTIDA

Soluções se multiplicam: congelamento de óvulos vira moda entre famosas

Método usado por quem quer engravidar mais tarde não é acessível à população pelo SUS e custa de R$ 15 mil a R$ 20 mil

Por Jonatas Pacheco
Publicado em 10 de maio de 2024 | 05:00
 
 
 
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Com o avanço da medicina, cresce o número de tratamentos realizados para auxiliar na reprodução humana, não só motivado por algum tipo de infertilidade, mas também para adiar a maternidade de maneira mais tranquila.

Adotado por algumas famosas, como a ex-BBB Juliette e a atriz Paolla Oliveira, o congelamento de óvulos é feito por mulheres que pensam em ser mãe, mas que decidem priorizar primeiro outras dimensões da vida, como a profissional.

O método consiste em congelar os óvulos quando se tem uma idade considerada ideal para ter filhos, antes dos 35 anos, para preservar a qualidade deles, e depois descongelá-los para realizar a fertilização.

Em 2023, quando tinha 34 anos, a anestesista Daniele Oliveira, hoje com 35, resolveu congelar os óvulos. “Não me vejo sendo mãe atualmente, até por priorizar o meu trabalho. Mas eu mantenho o sonho de ter um filho mais pra frente”, contou.

De acordo com o Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de 2020 até 2023 foram realizados 45.768 ciclos de congelamento de óvulos, com mais de 350.737 óvulos congelados no Brasil, onde entende-se como ciclo o procedimento que é realizado para a coleta de óvulos.

“A mulher está querendo engravidar mais tarde. Buscando primeiro uma qualidade pessoal e profissional, uma estabilidade financeira e também de relação. Essa busca faz com que a mulher injete o óvulo congelado, e posteriormente fertilizado, em um momento mais oportuno da vida”, explicou Álvaro Pigatto Ceschin, presidente da Associação Brasileira de Reprodução Assistida.

Além dessa motivação, o congelamento de óvulos é um método para mulheres que passam por tratamento contra o câncer e precisam proteger os óvulos do efeito da quimioterapia. Apesar da alta procura, ainda é pouco acessível para a população, já que custa entre R$ 15 mil e 20 mil. Não há também nenhum serviço de congelamento de óvulos disponível atualmente no SUS.

FIV para Todos

Médico de reprodução humana assistida e diretor geral do  Instituto Brasileiro de Reprodução Assistida (Ibrra), Bruno Scheffer, de 52 anos, decidiu criar um programa mais acessível para pessoas que desejam tentar o método de Fertilização in Vitro (FIV).

"Os tratamentos em clínicas variam de 15 a 20 mil reais. Como o grupo Ibrra tem uma clínica com estrutura montada, fizemos um trabalho social e financiamos parte do tratamento. O valor é abaixo cerca de 40% em relação ao praticado no mercado, mas as pessoas têm que encaixar em um perfil específico de pacientes. A renda do casal tem que ser até 8 mil reais", contou Bruno.

Para conhecer mais sobre o programa FIV para Todos, clique aqui.

BH tem serviço pelo SUS

O Hospital das Clínicas (HC) da UFMG, no Santa Efigênia, na região Leste de BH, é um dos dez centros públicos do país referência em reprodução assistida para casos de infertilidade. Para ter acesso, é necessário fazer uma consulta em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e, posteriormente, uma triagem no posto Sagrada Família.

Se detectada a necessidade do tratamento, por meio da Fertilização In Vitro (FIV) ou injeção intracitoplasmática de espermatozoides, o casal é encaminhado ao Hospital das Clínicas. O tratamento é custeado pelo SUS, entretanto a medicação necessária à indução deve ser paga pelo casal (cerca de R$ 5.000). O tempo de espera na fila é de aproximadamente seis anos. O tratamento em clínicas particulares custa aproximadamente R$ 20 mil.

Reprodução assistida: conheça algumas técnicas para engravidar

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