A plataforma 99 terá que implementar medidas de segurança tanto para os motoristas quanto para os motociclistas de Minas Gerais. A exigência foi feita pelo superintendente regional do Trabalho de Minas Gerais, Carlos Calazans, que mediou uma reunião entre a empresa e representantes dos trabalhadores na tarde desta terça-feira. Algumas das normas terão de ser implementadas em até 30 dias.
Uma das medidas que precisam ser colocadas em prática é a criação de um botão de emergência na plataforma. Quando o motorista se sentir em perigo (como quando ele suspeitar que pode sofrer um assalto por parte do passageiro), ele poderá acionar o botão, e a 99 vai acionar a Polícia Militar. A medida é uma alternativa ao botão do pânico, que, conforme a Polícia Militar informou na reunião, não tem como ser implantado.
"O coronel Godinho disse que ele não pode implementar isso para apenas uma categoria. Ele teria que implementar isso para várias categorias ao mesmo tempo. Ele deu a sugestão de que a própria 99 crie uma espécie de central para acompanhar esse motorista que está em perigo e acionar a Polícia Militar", explica Simone Almeida, presidente do Sindicato dos Condutores de veículos que utilizam aplicativos do estado de Minas Gerais (Sicovapp).
Os motoristas também pedem medidas para combater contas fake de passageiros e também mais blitze para monitorar não só os motoristas, mas também os passageiros que estiverem usando o serviço de aplicativo. "A maioria dos assaltos e mortes que têm acontecido pelo são pelo passageiro com conta fake. Tivemos cinco mortes recentemente. Em todas, foi o passageiro", diz a representante.
Mototáxi
A reunião também contou com representantes dos condutores de moto por aplicativo. Além do botão do pânico, os motociclistas também desejam melhorias nas condições de trânsito, como a implementação da faixa azul, que seria a demarcação da 'linha imaginária' entre os carros onde o motociclista trafega.
"Em São Paulo, foi constatado que isso reduziu o número de acidentes na via. Precisamos que se faça isso em Belo Horizonte. A gente teve a situação da passageira que morreu na avenida Pedro I. Acredito que se estivesse esse corredor, ela estaria viva hoje, porque com ela o motociclista trafega com mais segurança", argumenta Ederson Júnior de Carvalho, do Fórum do Motociclista.
Outra medida que Ederson acredita que poderia reduzir a quantidade de acidentes seria a melhoria das condições de trânsito em Belo Horizonte, com melhor conservação das vias, além de equipamentos de segurança para os condutores.
"Motociclista sempre usar o colete refletivo, acho que a anteninha corta-pipa tinha que ser obrigatória. E a Prefeitura deveria tomar mais cuidado com as empreiteiras dessas obras. No caso do acidente da Tancredo Neves, em que uma passageira morreu, o acidente foi por conta de raspagem no asfalto, e ele não estava sinalizado. Tudo isso influencia", afirma.
Medidas
Além da implementação do botão de emergência para os trabalhadores de aplicativo, a Superintendência Regional do Trabalho pediu que, também em até 30 dias, a 99 aumente o rigor do treinamento para novos condutores, para que eles sejam instruídos sobre como se comportar, como abordar os passageiros e como conduzir o veículo de forma defensiva.
Também foi criada uma mesa de reuniões entre a Superintendência, as plataformas e os condutores, que vai acontecer de dois em dois meses. Na próxima reunião, a 99 terá que apresentar medidas para o fornecimento de equipamentos de segurança para os motociclistas - como jaquetas, coletes e botas.
"A mulher chama o motociclista e não vai agarrar na cintura dele, pois ela não tem intimidade. Então tem que ter uma jaqueta de alça e mecanismos na moto que dêem proteção. Vamos também estudar a possibilidade de não cadastrar qualquer moto. As motos terão cilindradas mais potentes", detalha o superintendente regional do Trabalho em Minas Gerais, Carlos Calazans.
Outra proposta que pode ser implementada é a parceria da 99 com estabelecimentos comerciais parceiros, para serem ponto de apoio para os condutores poderem tomar água, se alimentar e fazer outras necessidades.
O superintendente também disse que, por enquanto, o serviço de transporte de passageiros por aplicativo não será suspenso em BH e terá reforço na segurança. Porém Carlos Calazans alerta para a necessidade de melhorias.
"É preciso ter cuidado para não ter contas fakes nas motos, motos e condutores rodando de qualquer jeito. É preciso termos uma regulamentação", pede.
Havia previsão de a plataforma Uber também participar do encontro, mas a empresa solicitou adiamento da reunião para a próxima segunda-feira (20), pois os representantes precisaram ir para o Rio Grande do Sul, devido às enchentes.
Posicionamento
Em nota, a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) afirmou que as empresas "têm a segurança de motoristas, motociclistas e usuários como uma prioridade em suas operações".
Também procurada, a 99 disse que tem a segurança dos usuários como prioridade e afirmou que conta com mais de 50 ferramentas de segurança, como monitoramento de corrida, compartilhamento de rotas com até 5 contatos de confiança, botão para ligar direto para a polícia, seguro de acidentes e central de atendimento 24 horas por dia, sete dias por semana.
"A empresa colabora com as autoridades e mantém diálogo permanente na busca por melhorias de segurança na plataforma", diz a empresa em nota.
Leia a nota da Amobitech na íntegra: