O movimento de clientes e funcionários, em plena luz do dia, não impediu que um homem de 57 anos invadisse uma concessionária e matasse a tiros um colaborador da empresa no bairro Liberdade, região da Pampulha, em Belo Horizonte, na terça-feira (28 de maio).
O vendedor imobiliário Marcelio Lima de Barros, de 57 anos, confessou o crime e disse ter cometido o assassinato por "vingança". Ele acredita ter sido prejudicado pela vítima, Alexandre dos Santos Queiroz, de 65 anos, por gastos com uma manutenção no carro dele em 2022.
Câmeras de segurança registraram o crime
Alexandre dos Santos Queiroz estava no trabalho, na concessionária, quando foi surpreendido pelo agressor. Funcionários e clientes do estabelecimento relataram que Marcelio chegou em silêncio, foi até a vítima e puxou o gatilho sem hesitar. O assassinato foi registrado pelas câmeras de segurança do estabelecimento.
Um vendedor de carros de uma concessionária de veículos, de 61 anos, foi assassinado na tarde desta terça-feira (28) com cinco tiros - dois nas costas e três disparos no rosto. Câmeras registraram o momento do crime, que ocorreu no interior da revendedora de carros em que a… pic.twitter.com/QnPbJYm9Gc
— O Tempo (@otempo) May 28, 2024
Na sequência, sem qualquer constrangimento, ele fugiu em um carro modelo UP branco. O atirador foi preso pelo Batalhão de Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam) na avenida Pedro I e levado para a Central de Flagrantes I, que fica no bairro Floresta, na região Leste de BH. Foram ao menos cinco disparos em várias regiões do corpo, entre elas, cabeça e costas.
O atirador que atirou contra o funcionário de uma concessionária, nesta terça-feira (28), na região da Pampulha, chegou em silêncio na delegacia. Questionado pela reportagem, o homem adotou o silêncio, não quis comentar sobre o crime e, sob escolta policial, entrou na Central de… pic.twitter.com/qsEwnR3Xsf
— O Tempo (@otempo) May 29, 2024
O que motivou o crime?
O crime teria sido motivado por uma revolta de Marcelio com relação a uma manutenção feita no veículo dele. Para os policiais, ele contou que, em 2022, levou o veículo à concessionária para realizar um reparo na bomba de água. À época, desembolsou R$ 3.000 pelo serviço e foi atendido pela vítima (Alexandre dos Santos Queiroz). Após uma semana do reparo, o veículo apresentou mais um defeito depois de uma tempestade.
O desentendimento entre os dois, ainda de acordo com o relato do preso, teve início quando Marcelio foi ao estabelecimento se queixar do conserto. O funcionário o teria tratado de maneira "grosseira e arrogante" e, por isso, ele teria levado o carro para outra oficina, onde gastou mais R$ 2.500. "Ao final de tudo isso, tive um gasto de R$ 5.500", contou à PM.
Marcelio disse que se manteve revoltado com a situação por dois anos e que o sentimento foi agravado, conforme o relato dele, pelo fato de estar desempregado. Ele disse aos policiais militares que, nesta terça-feira, decidiu ir até a concessionária por "motivo de vingança" e atirou porque "acredita que a vítima danificou seu carro de maneira proposital".
Arma do crime
A arma usada, conforme o relato de Marcelio, foi comprada em 2001 em um clube de tiros localizado no bairro Gutierrez, na região Oeste de Belo Horizonte, por R$ 2.000. Ele ainda confessou que raspou a numeração da arma há cinco dias — o que torna a arma ilegal.
Antecedente criminal
Além do assassinato na concessionária na Pampulha, Marcelio Lima de Barros tem antecedentes criminais por outro crime. Ele é suspeito de cometer importunação sexual contra a própria filha, ato que teria ocorrido anos atrás, de acordo com fontes da Polícia Militar.
Quem era a vítima?
Sem conseguir conter as lágrimas, Paulo Rocha descreveu a dor de perder o amigo Alexandre dos Santos Queiroz. “Ele era a melhor pessoa do mundo. Todos gostavam dele”, acrescentou, ainda com incredulidade sobre o assassinato. Em depoimento à polícia, a família também disse desconhecer qualquer problema ou desavença que Alexandre, que trabalhava na concessionária há cerca de 10 anos, pudesse ter.
Concessionária nega que suspeito tenha sido cliente
Em nota, o grupo Líder, proprietário da Concessionária Mila, afirmou que o suspeito dos disparos “nunca foi cliente” da empresa. Além disso, disse desconhecer “qualquer episódio que envolva acordo comercial que não tenha seguido os protocolos e as normas da empresa, que sempre prezam pela boa conduta”.
A concessionária lamenta a morte do funcionário e “se solidariza com os familiares e amigos do colaborador”.