“Uma eterna heroína que sempre amou a aviação e morreu defendendo a natureza”. Assim, Ulli Turchetti descreve a irmã, Juliana Turchetti, de 45 anos, que faleceu enquanto combatia um incêndio florestal em Montana, nos Estados Unidos, nesta quarta-feira (10 de julho). A família é de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Juliana, que residia nos Estados Unidos há mais de 5 anos e acumulava mais de 6,5 mil horas de voo, integrava a equipe de combate a incêndios na Floresta Nacional de Helena, no estado de Montana. Ela foi a primeira brasileira nos Estados Unidos a pilotar um turboélice, um tipo de motor a jato que utiliza hélice para propulsão.
Segundo Ulli, aviação sempre foi o sonho da irmã. “Desde pequena. O sonho dela era combater incêndios. Sempre foi motivada por desafios. Era apaixonada pelo que fazia”, afirma. Juliana compartilhava essa paixão nas redes sociais, mostrando registros da profissão.
Juliana posa para foto com avião Fire Boss, especialmente projetado para combater incêndios florestais (arquivo pessoal)
Juliana, que tinha planos de ir para a Itália, deixa um filho de 17 anos. O jovem está no Brasil, aproveitando as férias escolares. Além de sua dedicação à profissão de piloto, Juliana também tinha um lado empreendedor. Ela abriu uma cafeteria em Springfield, no estado de Illinois, com tema relacionado à aviação.
Sonho da aviação
Em nota de pesar, o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) relembrou a trajetória de Juliana na aviação, incluindo sua passagem como comissária de bordo. Em sua carreira profissional, ela pilotou dois dos maiores aviões comerciais do mundo: os Boeing 727 e 737.
Na aviação agrícola, trabalhava desde 2013. Em 2018, mudou-se para os Estados Unidos, onde se tornou a primeira brasileira a pilotar em lavouras na terra do Tio Sam. Lá, fez a transição para aeronaves turboélice e participou, em 2021, do vídeo comemorativo dos 100 anos da aviação agrícola no mundo.
Detalhes do acidente
Juliana Turchetti sofreu um acidente por volta do meio-dia no horário local (15 horas no Brasil), durante a manobra de "scooping" com a aeronave FireBoss. Nessa operação, o piloto pousa a aeronave em um lago ou represa, captando água para o reservatório e decolando em seguida. Testemunhas relataram à imprensa norte-americana que três aeronaves AT-802 estavam atuando na área, captando água no Hauser Lake, cerca de oito quilômetros a noroeste da represa, no Rio Missouri. As chamas estavam sendo combatidas na área conhecida como Horse Gulch, próxima à represa.
O xerife de Lewis e Clark, Leo Dutton, informou à imprensa que, no momento do acidente, Juliana estava em segundo lugar no circuito de toque, corrida e decolagem. Durante o "scooping", o avião aparentemente colidiu com algo, despedaçou-se na água e afundou. O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA (NTSB) está investigando as causas do acidente para determinar se houve colisão com objeto, banco de areia ou onda.
O corpo de Juliana foi recuperado por equipes voluntárias de busca e resgate dos condados de Lewis and Clark e Gallatin por volta das 17 horas locais (20 horas em Brasília). As autoridades não divulgaram sua identidade até que seus parentes no Brasil fossem informados. Antes disso, a imprensa mencionava apenas uma piloto de 45 anos cujos familiares eram de outro país.