A entrega de uma arara-canindé ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas-MG), em Belo Horizonte, gerou polêmica e mobilização entre os moradores de Moeda, na região metropolitana de Belo Horizonte. Conhecida como mascote da cidade, a ave era presença constante nas ruas e praças do município, sendo considerada um símbolo local.
Em nota, a Prefeitura de Moeda informou que a ave foi levada ao Cetas de forma voluntária, mas destacou que a decisão foi tomada de maneira "silenciosa", sem qualquer comunicação prévia com a população, o que causou tristeza e indignação entre os moradores. "A arara não é apenas um pássaro. É símbolo de liberdade, de natureza e da identidade de Moeda", disse o município.
O posicionamento da Prefeitura de Moeda teve apoio massivo da população. Moradora da cidade, Cleide Mara Machado diz que a ave é “símbolo de carinho e identidade”. “A arara vivia há 4 anos entre nós, era cuidada com afeto e fazia parte da paisagem e da cultura da cidade. Foi retirada sem diálogo, sem consideração pela relação afetiva construída com a comunidade. O que dói ainda mais é saber que decisões como essa vêm sendo tomadas por pessoas de fora, que não têm raízes aqui”, disse.
O outro lado
O Instituto Estadual de Florestas (IEF) esclareceu que o Cetas-MG é gerenciado de forma compartilhada entre o órgão estadual e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas que a gestão de entregas voluntárias é de competência exclusiva do Ibama.
O Ibama, por sua vez, confirmou que a arara foi entregue voluntariamente por uma pessoa em 13 de junho de 2025 – última sexta-feira. Segundo o órgão federal, a ave apresentava boa condição corporal, sem lesões, mas demonstrava “comportamento incompatível com o de um animal de vida livre”.
Após avaliação veterinária, o animal passou por exames laboratoriais, foi vermifugado e recebeu uma anilha de identificação. De acordo com o Ibama, a arara está em fase de adaptação a uma dieta balanceada e, em seguida, será iniciada a reabilitação com a inclusão da ave em um grupo da mesma espécie.
O órgão ambiental também informou que, apesar de Moeda ter registros históricos de araras até o século XIX, não há atualmente um bando da espécie na região. Por isso, a soltura da ave, isoladamente, no município, não é recomendada. Segundo o Ibama, araras “são animais de bando e precisam conviver com outros indivíduos da espécie”.
Em reunião com representantes da Prefeitura e da Câmara Municipal de Moeda, o Ibama propôs a elaboração de um projeto de reintrodução de araras-canindé na região, o que, se concretizado, poderá ser o primeiro do tipo em Minas Gerais.