Por muito pouco, a paciente de oncologia da Santa Casa de Belo Horizonte, Maria Aparecida Pereira, de 70 anos, não é submetida, às pressas, a uma hemodiálise sem necessidade. A idosa, que trata de um câncer no pulmão na instituição de saúde, teve exames laboratoriais duplicados com os de outra paciente. Essa, no caso, apresenta problemas renais e está, segundo familiares, internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI).
“Ela já fez cirurgia no pulmão, está fazendo quimioterapia há muito tempo,mas, há uns dois meses apresentou problemas no rins e precisou passar por cirurgia. Agora, há cerca de duas semanas, exames feitos na Santa Casa BH, apresentaram resultados ruins, que a impediram de fazer a sessão de quimio. A creatinina, por exemplo, indicou algo mais grave e a recomendação médica foi a internação para iniciar a hemodiálise”, contou a filha da idosa, Carolina Oliveira.
De acordo com a filha, um outro exame foi realizado na última sexta-feira (12), durante o processo para internação, um novo exame foi realizado, e neste, nada grave foi detectado. Tanto a equipe, quanto a família, estranharam a mudança.
“Minha irmã foi comparar os dois exames e percebeu o erro: o sobrenome. As duas pacientes têm o mesmo nome e um sobrenome igual. Apenas um sobrenome as difere. A confusão foi causada por alguém ao lançar no sistema o resultado”, acrescentou.
O que a Santa Casa diz?
Procurada, a Santa Casa BH informa que ocorreu uma falha na identificação da paciente, uma vez que ela apresenta nome muito semelhante ao de outra paciente, o que induziu a falha do profissional. No entanto, segundo a instituição, a pausa da quimioterapia foi devido ao surgimento de uma mucosite - complicação da terapia antineoplásica - e não às alterações renais identificadas no exame trocado. Tal decisão médica foi em favor da segurança da paciente.
Ainda segundo a SC, em nenhum momento foi informado à paciente que seria necessário realizar sessões de hemodiálise e ela também não foi submetida a cirurgia renal. Esse tratamento é prescrito somente pelo serviço de Nefrologia, em casos considerados de urgência dialítica. O hospital informou também que as medidas de segurança do paciente, já implementadas na instituição, serão amplamente reforçadas a todo o corpo clínico e administrativo do Instituto de Oncologia Santa Casa BH.
Desconfiança e atrasos
Depois da troca de exames, a família estuda entrar com ação judicial contra a unidade. “Ela deixou de fazer duas sessões de quimioterapia. Agora, vai fazer um ultrassom, depois passar por uma consulta com oncologista e, se Deus quiser, já vai voltar às sessões o quanto antes. Nesse tipo de exame, o tempo é fundamental”, afirmou.