Quem já encontrou algum corpo estranho dentro de um alimento, sobretudo aqueles que vêm em embalagens fechadas, sabe como é desagravel a sensação de ser surpreendido negativamente. Seja com larvas, mofo ou até objetos, a experiência de comer ou quase comer um alimento contaminado é tão séria que o caso pode ir parar na justiça.
Nesta semana, a jornalista e coordenadora da FM OTempo, Thalita Marinho, levou um susto ao abrir uma embalagem de milho verde em conserva da marca Fugini. “Encontrei um pedaço de ferro com tamanho de 15 centímetros em meio aos grãos. O milho também estava estragado, mesmo estando dentro da data de validade, prevista para 2026”, relembrou. A mineira, de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, analisa entrar com uma ação contra a marca e pedir ressarcimento por danos morais.
“Eles (Fugini) não podem passar ilesos. Não é a primeira vez que eles se envolvem numa questão dessas”, pontuou.
A empresa foi procurada, mas não se pronunciou até o momento.
Como agir?
Segundo a assessora jurídica do Procon da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Marina Bicalho Lima, o primeiro passo é fazer o registro da situação por imagens.
“O primeiro passo é registrar por imagens esse fato e depois procurar o Juizado Especial (caso a indenização requerida seja de até 20 salários mínimos) para atermar o fato e solicitar a indenização. Também é preciso registrar a denúncia, seja com um boletim de ocorrência junto aos órgãos de segurança ou pelo Ministério Público, que tem um canal de denúncias coletivas”, explicou.
No vídeo, Thalita mostra a embalagem do milho aberta e o tamanho do objeto encontrado dentro do sachê. Ela também destacou as informações sobre o produto.
Mesmo não ingerindo os alimentos, segundo a analista do Procon, é possível requerer indenização por danos morais apenas pela compra do produto estragado.
“É um entendimento pacificado, inclusive pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), independe da ingestão, se aquele alimento estiver contaminado por algum corpo estranho, já gera um dano moral”, completou.
Bombom estragado
Também nesta semana, o nutricionista e clínico esportivo Marcos Nogueira Júnior viveu uma situação semelhante. Ele comprou chocolates para dar aos filhos. O bombom, uma das receitas de destaque da marca Cacau Show, veio recheado por, pelo menos, quatro vermes – bichos rastejantes de corpos moles. A trufa estava dentro do prazo de validade, previsto para agosto deste ano. O caso aconteceu em uma loja do Centro de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte.
“Foi desagradável. O bombom era um presente da minha sogra para os meus filhos. A minha menina comeu um pedacinho, sentiu um gosto estranho e passou para o irmão. Foi quando ele me mostrou. Comecei a abrir o bombom, tinha vários vermes, uns quatro, deu para contar”, relata Marcos.
Segundo o consumidor, a textura da trufa também não estava ideal. No vídeo, é possível ver os bichos rastejando no entorno do recheio da trufa.
A família voltou à loja para reclamar e ouviu da atendente que a situação era “normal” e que “poderia acontecer com o chocolate”. O clínico do esporte diz que também entrou em contato direto com a empresa e recebeu o mesmo argumento. “Eu achei um descaso com o consumidor”, reclamou.
A reportagem entrou em contato com a Cacau Show. Por meio de nota, a empresa lamentou o ocorrido e disse que os produtos são submetidos a rigorosos controles de qualidade, além de passarem por procedimentos sanitários,como dedetizações mensais nas nossas lojas e fábricas.
Com relação à postura do vendedor, a Cacau Show disse que “os colaboradores passam por treinamentos com o objetivo de compreender a gravidade de situações como essa visando prestar o melhor atendimento aos consumidores caso ocorram”. A empresa disse que vai entrar em contato com a loja em questão para entender o que pode ter levado o colaborador a agir dessa maneira.