Uma proposta de desapropriação de casas da Vila Biquinhas, no bairro Heliópolis, região Norte Belo Horizonte, está causando um misto de revolta e medo na população local. Os moradores denunciam que apenas 30 das casas que estão em situação de risco têm previsão de remoção e realocação das famílias. Conforme os moradores, a proposta inicial era remover todas as famílias em situação de alto risco, estimadas em 200 casas.
Muitos dos imóveis estão em encostas e à beira de um córrego que passa pela vila. As chuvas fortes já causaram desabamento de residências e também de comércios que estavam em situação semelhante. "Na última chuva mais forte que teve, minha mãe foi uma das vítimas, pois a lojinha dela caiu. Além disso, a água invade as casas, leva as coisas, e a gente não tem condição de ficar comprando móveis", reclama a dona de casa Mírian Vitória, de 26 anos, moradora do local desde que nasceu.
Além do medo dos deslizamentos e desabamentos, os moradores também convivem com medo de doenças, já que as tempestades também fazem com que o córrego transborde e a água invada muitas das casas. Preocupação "Vem a chuva, entra água na sua casa, você não sabe o que passa naquilo", afirma Mírian, que tem cinco crianças em casa.
Diante do quadro, os moradores gostariam que houvesse desapropriação de todas as casas em risco, mas a prefeitura de Belo Horizonte, segundo a população, teria feito a proposta apenas para 30 famílias, que já tiveram um selo colocado na casa. "Vieram e disseram que todas as pessoas que quisessem seriam desapropriadas. Mas não deram previsão para a segunda etapa", relata a também dona de casa Silvia Letícia Soares Dias, de 51 anos.
Outra situação que incomoda é o auxílio oferecido para as famílias que aceitam a desapropriação, que de acordo com Sílvia é de R$ 500. O valor é considerado baixo pela mulher. "Não ajuda praticamente nada, pois uma pessoa que tem outras cinco morando com ela precisa de uma casa de tamanho maior. Além disso, quando a pessoa escolhe onde vai morar, ela só é autorizada a ir se a PBH fizer uma vistoria aprovar o local. Só muda quem tem condição de comementar o aluguel. Quem não tem não sai", critica.
Os moradores exigem, além da desapropriação de todas as famílias em áreas de risco, melhores condições para quem aceitar deixar o local. "Ninguém quer morar em um lugar em que entra água na casa, principalmente em uma noite de Natal, em que todas as famílias estão comemorando, com a casa cheia de presentes. Queremos que todas as famílias que quiserem possam sair e com um auxílio digno", pede Sílvia Letícia.
O TEMPO solicitou um posicionamento à prefeitura de Belo Horizonte e aguarda retorno. A reportagem será atualizada em caso de resposta do executivo municipal.