A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou, nesta segunda-feira (30 de junho), a operação Abbraccio no Estado fluminense, em Minas Gerais e mais seis Estados e no Distrito Federal. A operação mira um grupo que praticava crimes de violência contra mulheres. Em Minas Gerais, mandados são cumpridos em Belo Horizonte, Esmeraldas e Pedro Leopoldo, na região metropolitana, além de Buritizeiro, São Sebastião do Rio Verde e Viçosa.
Conforme as investigações, os envolvidos se organizavam virtualmente, em plataformas como Discord, para cometer estupros virtuais, torturas, misoginia e racismo contra as vítimas. Eles ainda incentivavam que as jovens se mutilassem.
Os agentes do Departamento Geral de Polícia de Atendimento à Mulher (DGPAM) cumprem mandados de prisão e de busca e apreensão em Caxias e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e em outras oito unidades da federação – Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Piauí, Santa Catarina e São Paulo. Até o momento, quatro pessoas foram presas.
A ação foi planejada a partir da investigação da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Duque de Caxias. Em abril deste ano, a mãe de uma das vítimas procurou a unidade para relatar que imagens íntimas de sua filha estavam sendo divulgadas. Durante a apuração, os agentes constataram a existência de uma rede criminosa com dezenas de outras vítimas. Tudo era transmitido on-line e, em alguns casos, a gravação era posteriormente exposta na internet.
De acordo com a Deam de Duque de Caxias, o grupo forçava as vítimas a atos violentos ou a se mutilar com navalhas, fazendo-as escrever os nomes dos autores na própria pele. A operação Abraccio ocorre após a prisão de um dos integrantes do grupo, no mês passado. A partir da perícia de cerca de 80 mil imagens, vídeos e áudios encontrados em dispositivos eletrônicos, foi possível chegar aos demais envolvidos e suas lideranças. Segundo a PC do Rio de Janeiro, o material apreendido também demonstra a frieza com que eles tratam o sofrimento e a vida humana.
Até o momento, seis mulheres foram identificadas, mas acredita-se que o grupo possa ter feito dezenas de outras vítimas. Além das prisões, a operação desta segunda busca apreender celulares, computadores e mídias digitais capazes de comprovar os crimes praticados e ampliar o mapeamento da rede criminosa. O material arrecadado será analisado e poderá embasar novas diligências, além de responsabilizações penais e civis.