Em um mundo cada vez mais conectado, em que desde a diversão até negócios são feitos pela internet, há quem prefira ficar offline. E os motivos são variados para essas pessoas que acreditam que, por não terem um smartphone, estão mais seguras e têm menos riscos de desenvolver problemas de saúde ou, por exemplo, cair em golpes.
É o caso de Renault Lovisi Pereira, de 63 anos, motorista há pouco mais de quatro décadas. Ele, que mora em Betim, na Grande BH, conta que até já testou, mas não se adaptou à tela sensível ao toque e segue utilizando o mesmo aparelho celular de barra, com botões e tela de 1,77 polegada, que comprou em 2014 – um Multilaser, que toca rádio e ainda é produzido pela empresa, que vende em seu site oficial por R$ 100.
O motorista conta que um dos motivos para não usar smartphone está na profissão. Ele diz que muitas pessoas no trânsito acabam se distraindo por conta do aparelho celular, então ele prefere não ter outro modelo de telefone por questões de segurança.
“Já presenciei vários acidentes acontecendo na minha frente. Em outubro do ano passado, vi um motoqueiro morrer por estar olhando na tela, no GPS, e o motorista da frente freou. Ele não viu, acabou batendo e veio a óbito”, lembra.
"Meu celular tem 10 anos. Já caiu diversas vezes e segue funcionando muito bem. A bateria dura dois dias. Alem disso, qual ladrão que vai querer pular em cima de mim para pegar esse celular?", continuou.
Para Marlene Matos, de 67 anos, moradora do bairro Alto Vera Cruz, em BH, além de não ser muito fã de tecnologia, não usar o aparelho a deixa livre de cair em golpes. Ela conta que não queria ter nem mesmo celular, mas que os filhos lhe deram um simples para que ao menos ela conseguisse se comunicar quando está na rua.
“Meus filhos sempre me alertam para não clicar em links de mensagens. Como é um perigo que existe e muita gente acaba caindo, eu prefiro nem saber usar. Assim eu evito de ser vítima desses aproveitadores”, conta.
E o professor de Tecnologia da Informação (TI) Flávio Souza, da Una, alerta que é preciso mesmo ter cuidado ao usar os smartphones. Diante das várias funcionalidades que o aparelho apresenta, com acesso a bancos e informações restritas de seus proprietários, o aparelho é alvo de criminosos para aplicar golpes e até mesmo furto e roubo. “Eles (os bandidos) sabem que hoje em dia as pessoas salvam cartão de banco no celular e têm acesso à conta corrente, por exemplo. Roubar esses aparelhos é muito lucrativo para os bandidos”, afirma.
País tem mais smartphones do que computadores
A presença de dispositivos digitais está se tornando cada vez maior no Brasil. Segundo a Pesquisa de Uso de TI, são 480 milhões em uso no país em maio de 2024, sendo 222 milhões de computadores e 258 milhões de smartphones, o que equivale a 2,2 dispositivos digitais por habitante.
Como proporção, 52% desses dispositivos são smartphones e 48% são computadores. Para Flávio Souza, professor de cursos da área de TI do Centro Universitário Una, isso pode ser explicado pela praticidade dos telefones.
“Hoje você tem smartphones com desempenho semelhante ao de computadores. Além disso, você consegue ter uma gama de funcionalidades na palma da mão. Ninguém vai querer sair na rua com um computador para conversar ou acessar a conta do banco. Você tem tudo isso em um smartphone”, avaliou.
Tempo de tela para as crianças
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que crianças menores de 2 anos de idade não devem ser expostas a telas, enquanto entre 2 e 5 anos devem ter o tempo limitado a uma hora por dia. Já entre 6 e 10 anos devem utilizar de uma a duas horas diárias, e entre 11 e 18 anos, não devem ultrapassar três horas de tela diárias.
Na mira dos bandidos
De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho deste ano, ocorreram 937.294 furtos ou roubos de celular no Brasil em 2023. A média é de quase 2.568 casos por dia, ou dois a cada minuto. Já em Minas Gerais, o total de crimes foi de 50.544, uma média de praticamente 138 a cada 24 horas.
Tome cuidado
- Fique atento com suas senhas e não as compartilhe com ninguém. Além disso, tente criar senhas que sejam difíceis para alguém adivinhar.
- Desconfie de e-mails de destinatários desconhecidos ou que sejam de alguém conhecido, mas cuja forma de falar não seja condizente com a pessoa.
- Não clique em todos os links que recebe seja por mensagens SMS ou pelo WhatsApp; eles podem conter programas para invadir seu smartphone. (Com Anderson Rocha)