O número de casos confirmados com coqueluche no estado só cresce. Em sete dias, houve um aumento de quase 20%, equivalente a 29 pessoas diagnosticadas com a doença. A Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) informou nesta quarta-feira (11 de setembro) que 176 casos foram confirmados e outros 515 casos estão sendo investigados. Belo Horizonte é a cidade com mais casos. (veja a lista completa das cidades abaixo).
A doença não matava, em Minas Gerais, desde 2019 e depois da morte de um bebê de 1 mês e 23 dias, em Poços de Caldas, no Sul de Minas, o cenário da Saúde se tornou mais preocupante. Segundo a pasta, a mãe e a criança não foram vacinadas contra a doença, que é a única forma de combate à coqueluche. O bebê morreu no dia 19 de julho, mas a SES confirmou o óbito no último dia 30 do mês passado.
O Sistema de Saúde Único (SUS) disponibiliza, gratuitamente, um caderno vacinal completo contra inúmeras doenças, especialmente a coqueluche. A vacina pentavalente, disponível no SUS, é indicada para crianças com quatro meses e protege contra Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B e infecções causadas pela bactéria Haemophilus influenzae tipo B. A vacina tríplice bacteriana (DTP), que também protege contra a doença, está sem estoque devido à escassez no Ministério da Saúde.
“A cultura da ‘não-vacinação’ é muito complicada de ser desfeita. Temos acesso a tantas vacinas, gratuitamente, no nosso país enquanto lá fora as pessoas pagam caro apenas para serem vacinadas. Somos referência internacional no assunto, mas muitos brasileiros não acreditam em vacinas e se colocam em riscos absurdos por isso”, enfatizou a médica pneumologista Michelle Andreata.
Como se adquire coqueluche?
A doença pode ser adquirida por quem não está imunizado e pelo contato com pessoas contaminadas. O diagnóstico é mais recorrente em crianças devido à falta de um ‘sistema imunológico completo e forte’, afirmou a pneumologista.
Segundo Andreata, adultos que não foram vacinados podem ser diagnosticados com coqueluche, mas os sintomas podem ser confundidos com ‘sinusite ou até pneumonia’, por causa de uma ‘imunidade completa’ desenvolvida nessa faixa etária. “O adulto, que não foi vacinado, pode ter uma coqueluche, mas de uma forma mais leve [do que em crianças], com tosse mais seca que dura entre 14 e 20 dias, ou até uma gripe.” disse.
Os casos mais graves ocorrem em bebês e crianças, devido à ‘falta de imunidade’. Para a médica, em caso de tosse mais seca com um som característico de um ‘guincho’, secreção densa e dificuldade de ‘puxar o ar’, a internação deve ser imediata. “Imagine um bebê, que ainda não tem imunidade e muito menos força muscular para mobilizar essa secreção densa no pulmão, contaminado com coqueluche. A saturação de oxigênio desse bebê vai cair e ele vai ficar mais fraco e pode vir a óbito a qualquer momento.”, enfatizou Andreata.
Gestantes e a vacinação contra coqueluche
O SUS disponibiliza a vacina pentavalente, que também previne a coqueluche, para gestantes. Segundo a pneumologista, o imunizante, no momento da gestação, serve como um ‘reforço à imunidade’. “Esse bebê não tem defesa e é através da placenta que os anticorpos vão passar e proteger o feto até ele conseguir produzir os próprios anticorpos.”, concluiu.
Andreatta ressaltou que, se a gestante que não está imunizada, contrair coqueluche posteriormente, os sintomas serão leves e até confundidos com uma gripe. No entanto, a mulher se torna um risco para o bebê, que não tem os anticorpos necessários para combater a doença e o estado dele pode evoluir gravemente, muito rápido.
Cuidados com as crianças
Normalmente, as crianças podem contrair a doença no ambiente escolar, já que a coqueluche é adquirida através do contato com pessoas contaminadas. Mas, em caso de sintomas respiratórios, a médica pneumologista aconselha que no início, o paciente deve ser isolado, sem contato com a sociedade, para evitar o agravamento da doença e o contágio e fazer uso de máscaras.
“Os pediatras aconselham, por exemplo, que até ao terceiro mês de vida, o bebê deve evitar se sujeitar a locais públicos e contato com outras pessoas fora do núcleo familiar (que morem na mesma casa).", disse Michelle Andreatta.
Lista de cidades mineiras com casos confirmados de coqueluche
1 - Belo Horizonte com 111 casos;
2 - Nova Lima com 22 casos;
3 - Teófilo Otoni com cinco casos;
4 - Contagem e Antônio Dias com quatro casos;
5 - Poços de Caldas e Guanhães com três casos cada;
6 - Divinolândia de Minas, Esmeraldas, Itabira e São Joaquim de Bicas com 2 casos cada;
7 - Varginha, Sabinópolis, Sabará, Rio Piracicaba, Rio Acima, Pouso Alegre, Oliveira, Nazareno, Itaúna, Itajubá, Itabirito, Conselheiro Lafaiete, Congonhal, Cambuí, Brumadinho e Betim com um caso cada.