Diariamente, às 6h, começa um calvário para a operadora de caixa Isabela, de 20 anos. Moradora do bairro Cabral, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, a mulher pega o ônibus da linha 2390 (Ceasa/Belo Horizonte) para ir ao trabalho no bairro Padre Eustáquio e relata que, nos últimos dias, tem vivido com medo de se atrasar no trabalho e, até mesmo de sofrer algum acidente, devido à forma pela qual o veículo é conduzido e pelas condições do ônibus. O TEMPO solicitou um posicionamento do governo de Minas Gerais sobre a denúncia.

O relato de Isabela é só um entre vários de passageiros da linha. Nos últimos dois dias, a situação fez Isabela demorar mais que o normal para chegar ao trabalho. "Pego serviço 7h e geralmente chego 20 minutos antes de bater ponto. Ontem (quarta-feira) cheguei em cima da hora e hoje cheguei sete minutos atrasada", comenta. 

O problema estaria relacionado a uma suposta falta de manutenção do veículo. Isabela observa, com frequência, os próprios motoristas reclamando de problemas mecânicos que impedem o veículo de andar mais rápido. "Outro dia vi o motorista reclamando no telefone com outra pessoa que o ônibus estava sem marcha", comenta.

A auxiliar de serviço gerais Andreza de Cássia Pinheiro, de 47 anos, também relata ter vivido uma experiência desagradável na última quarta-feira (11), durante o deslocamento do bairro Cabral para o Centro de Belo Horizonte. Apesar de não utilizar a linha com frequência, a mulher precisa do serviço esporadicamente e, da última vez, levou cerca de 1h30 para comcluir o trajeto. A sorte, diz a mulher, é que ela não tinha um horário exato para chegar ao destino. 

"Estava muito devagar. Geralmente eu levaria meia hora, 40 minutos para chegar. Ontem levei mais ou menos uma hora e meia, de tão devagar", relata a mulher. Andreza também reclama do estado de conservação dos veículos. "Perguntei ao motorista o que estava acontecendo, de tão ruim. Quando ele puxava a marcha, fazia um barulhão. Deu até medo de continuar, pensei em descer do ônibus, nem que tivesse que pagar outra passagem", relembra.

A situação revolta o aposentado José Paulo, de 70 anos, que também pega o coletivo duas vezes por semana. Sempre que está no ônibus, ele vê a irritação de outros passageiros. "Todo mundo gritando com o motorista, pedindo para ele andar mais rápido. Se o ônibus não tem condição de rodar, tem que ficar na garagem. Precisa ter uma fiscalização nos pontos desses ônibus", exige.

Motoristas despreparados

Além do estado de conservação dos ônibus, o comportamento de alguns motoristas também é motivo de incômodo para os passageiros. A operadora de caixa Isabela relata que, em alguns casos, os condutores dirigem em alta velocidade. "Tem vez que eles passam perto de um viaduto colados na beirada, correndo muito. Dá medo de acidente", afirma. 

Outra queixa da jovem é a respeito do temperamento dos condutores no trânsito, que segundo Isabela é inadequado e, às vezes, até grosseiro. "Eles ficam gritando, xingando, buzinando demais para motoqueiros. É muita falta de consideração porque parece que está carregando burro", dispara.