A ficha criminal do homem de 32 anos suspeito de manter em cárcere privado uma mulher, de 47, no bairro Angola, em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, tem diversos crimes que configuram violência contra a mulher. A última vítima dele foi mantida em cárcere privado na última quarta-feira (11). O homem, que é natural do estado de São Paulo, foi preso em flagrante após agredir e ameaçar a moça.
Conforme a Polícia Civil de Minas Gerais, o homem é natural do estado de São Paulo e, antes de vir para Betim, morava na cidade de Rosana, no estado vizinho. Ele tem registros de violência contra a mulher desde 2013, com pelo menos cinco vítimas. Ele já foi até condenado com base na Lei Maria da Penha.
“Ele tem um histórico de ludibriar mulheres, enganá-las e mantê-las em ciclos de violência. Tem condenações por lesão corporal, ameaça, furto, violação de domicílio e descumprimento de medida protetivas”, enumera a delegada Karla Moreira, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Betim. Segundo a investigadora, o homem já teria cumprido penas pelos crimes, mas voltou às ruas em seguida e continuou praticando os atos.
Cárcere e sequestro em Betim
Segundo a PCMG, o método usado pelo homem em crimes passados foi replicado por ele contra uma mulher de 47 anos em Betim. Ambos se conheceram há cerca de dois meses, por um aplicativo. Na intenção de avançar com o relacionamento, a vítima foi até a cidade de Rosana, em São Paulo, onde morava o suspeito, e fez a ele um convite para vir morar em Betim, na Grande BH. A mulher tomou todas as providências para a mudança do suspeito.
“Ela gastou R$ 5 mil da poupança e conseguiu um emprego e também um imóvel para ele, que se valia da condição de vulnerabilidade dela para ludibriá-la”, conta a delegada Karla Moreira. Na terça-feira (10), ela foi levar mantimentos para o homem na casa em que ele morava, mas em estado de surto, ele começou a agredi-la.
"Ele a ameaçou com um facão, deu tapas nela, a jogou contra o sofá e o tempo todo dizia que iria matá-la”, descreve Karla Moreira. Durante as agressões, o homem teria culpado uma ‘entidade’ pelo fracasso do relacionamento. “Tinham três pinos de cocaína na casa dele e materiais de ritual de magia negra. Ele disse que uma entidade estava atrapalhando o relacionamento deles e que era preciso resolver essa questão”, diz a delegada Karla.
Prisão
Na quarta-feira (11), se aproveitando de um momento de distração do homem, a vítima enviou uma mensagem para o filho, pedindo ajuda. A mulher disse que, caso ela não retornasse para casa até as 15h, o filho deveria ir até o imóvel buscá-la juntamente com a polícia. Imediatamente, o familiar acionou as autoridades de segurança, que foram ao local para efetuar a prisão do suspeito.
Karla Moreira ressalta que a ação rápida do filho da vítima foi fundamental para salvar a vida dela e pede à sociedade para sempre agir e tomar a iniciativa de denunciar qualquer suspeita de violência contra a mulher.
“Se a mulher se sente confiante para confidenciar a alguém uma situação de violência, temos o dever social de ajudar essas mulheres e agir o mais rápido possível, para evitar um feminicídio. Todos os sinais que uma mulher apresentar devem ser considerados”, clama.
Durante a abordagem, de acordo com a Polícia Civil de Minas Gerais, o homem resistiu à prisão e tentou até mesmo dar socos nos policiais. Ele pode responder por lesão corporal contra a vítima e os agentes, resistência, cárcere privado e ameaça. Somadas, as penas podem render até 20 anos de prisão